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Foto do escritorHelena Magalhães

Sobre a pressão de terminar um livro e o meu último mês em algumas fotografias


Ando afastada daqui. Não se passa nada de mau na minha vida (felizmente). Estou simplesmente a terminar o meu livro. E mais uma vez, ando naquela fase de pressão e tensão e emoção. Tudo junto a dar-me cabo do juízo. Porque escrever não é algo tão suave e agradável como às vezes posso dar a entender pelas coisas que vou mostrando. É preciso uma capacidade mental do caraças para ficar horas a triturar palavras e a mexer com as memórias, a imaginação e as próprias emoções e estados de espírito.

Digo isto porque não vivo da escrita e desta ânsia em escrever livros. Um por ano – era o meu sonho. Tenho de trabalhar como toda a gente. E embora não tenha um emprego normal das nove às seis, tenho mil e uma coisas para fazer e que me impedem de acordar e sentar-me no sofá a escrever. Ou acordar e ir até à praia escrever. Ou acordar e ir por aí para ganhar inspiração. Isso é o lado utópico da escrita. Ou, para mim, um sonho de algo que um dia posso vir a fazer.

Mas, por agora, vivo longe dessa realidade. Então, tenho de estar sempre a saltar entre o universo deste livro e a minha vida real. Tenho de estar sempre a ligar e a desligar o interruptor. E isso não mata mas mói. Deixa-me exausta, física e emocionalmente. É difícil passar o dia a trabalhar – escrever artigos e textos – e à noite ter capacidade para entrar novamente na minha história. Porque sempre que começo a escrever, tenho de passar algum tempo a ler para trás para poder novamente colocar a minha mente nesse registo e a pensar como as personagens.


Não me estou a queixar – eu amo fazer isto. Poderia passar todo o meu dia a escrever e a navegar na minha imaginação. Mas gostava só de partilhar que no meio destas coisas todas, às vezes não tenho energia nem criatividade para escrever por aqui. 

Porque só me apetece escrever sobre estas personagens que andei a criar no último ano e meio e que parece que já vivem dentro de mim. Às vezes dou por mim a fazer coisas banais do dia a dia e a pensar em situações que a personagem X ou a personagem Y têm de viver ou diálogos que têm de ter. Vou colocando tantos bocadinhos de mim nesta história que às vezes já é difícil separar o que sou eu e o que é a criação.

Já perceberam como estou apaixonada por este livro, não é? Às vezes ainda me questiono como é que isto está a vir de mim. Todos os dias tenho dúvidas, acho que é normal e todos as temos. Ainda dou por mim a pensar que isto pode ser uma grande merda e eu a única a não ver isso. Mas, de qualquer das formas, estou orgulhosa de ter conseguido levar esta história até ao fim. E por ter ultrapassado aqueles momentos estúpidos em que começava a colocar tudo em causa. E, claro, os momentos de folha em branco. Em que não saía nada.

Para mim, a arte é o mais próximo que existe de magia. E na escrita vejo magia no facto desta história ter começado com duas histórias separadas que inicialmente não estava a conseguir juntar e passei muitos meses nesse dilema de não saber se desistia disto tudo ou se, de alguma forma, algo mágico iria nascer. Disseram-me: não és tu que crias o livro, o livro vai começando a criar-se por si próprio. Na altura não consegui ver isso. Mas foi essencialmente o que aconteceu. O livro ganhou vida própria e eu perdi totalmente o controlo nele.

Enquanto não o acabo de vez, ando mais afastada de tudo o resto porque ando a dedicar-me de corpo e alma a isto. Assim, para quem não me segue no Instagram, deixo aqui algumas imagens do meu último mês 🙂






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