Eu sou obcecada com terramotos – no mau sentido. Tenho um pavor estúpido e, na brincadeira, costumo dizer que devo ter morrido no terramoto de 1755 e trouxe para esta vida este trauma. E é um pavor que me condiciona. Em todas as casas que já vi, questiono sempre a data de construção de prédio e se tem construção anti-sísmica. Na maioria das vezes os tipos das agências imobiliárias não fazem ideia mas enfim. A minha procura de casa remete-se, por isso, a prédios baixos porque não me imagino a viver em algo extremamente alto ou com mais de três andares. Manias… o que se pode fazer?
Acabei por dizer isto à Miranda quando fomos às ruínas da antiga Igreja do Convento de Santa Maria do Carmo – este é o último sítio onde alguém quer estar num terramoto porque vai tudo abaixo. Porque foi a primeira coisa em que pensei quando lá entrei – tal é a minha obsessão com este tema. Esta igreja foi fundada em 1389 por D. Nuno Álvares Pereira e foi um dos principais templos góticos de Lisboa até ao terramoto que acabou por destruir quase todo o edifício. As obras de reconstrução iniciaram-se no ano a seguir ao terramoto mas acabaram suspensas em 1834 quando as ordens religiosas em Portugal foram extintas. É por isso interessante ir às ruínas porque estão totalmente incompletas, embora ainda se consiga entender a estrutura e alguns dos elementos primitivos do edifício.
No interior está o Museu Arqueológico do Carmo com uma exposição interessante: com artefactos e obras desde a Pré-História ao tempo mais contemporâneo, onde se pode ver a forma como o homem pensava as coisas e fazia os objectos.
A entrada nas ruínas e no museu custa 4€ mas vale a pena. É uma exposição que se vê de forma muito fluída e, cá fora, as ruínas são de uma beleza ostensiva e imponente.
Fotografias tiradas por Faz de Conta Fotografia
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