Gostámos de D.A.M.A e não temos vergonha de assumir. Foi basicamente isto que disse umas 10 vezes no sábado à noite. A minha amiga Joana disse: está louca. A Marta, concordou. Porque gostámos mesmo. E é interessante que a música portuguesa é, muitas vezes, levada com desdém. Toda a porcaria que consumimos lá de fora é óptima. Cantado em inglês, tudo tem outra entoação. Mas para o que é feito cá, torcemos o nariz – mesmo que cantemos quando passa na rádio em altos decibéis com a janela aberta.
Três miúdos subiram ao palco principal e colocaram 90 mil pessoas a cantar com uma energia que, perdoem-me, bateu os Maroon5 e um Adam Levine desafinado. O que ainda me deixa mais emocionada no meio disto tudo (porque eu estou sempre a chorar com tudo) é que este é um bom exemplo de partilha: eles participaram num concurso qualquer de talentos e perderam (não sei se é verdade, disseram-me isto ontem); foram eles que contactaram o manager e o convenceram a ouvi-los quando ainda só tinham duas músicas escritas; autopropuseram-se a ir ao Sudoeste em 2013, onde actuaram no palco secundário. Não ficaram sentados à espera que alguém os ouvisse. Fizeram-se ouvir. Que é como quem diz, foram atrás daquilo que queriam contra todas as contrariedades. Razões plausíveis para o Ministério da Economia os ter nomeado embaixadores do empreendedorismo. Yey!
E eu adoro histórias destas. Estamos sempre a ouvir nãos e, muitas vezes, simplesmente apetece-nos desistir. Mais do que partilhar a minha própria história – que já todos leram – gosto de me inspirar continuamente (e inspirar os outros) com outros casos de sucesso dos quais nos devíamos lembrar todos os dias ou sempre que perdemos a energia. Eu própria também tenho, muitas vezes, dias em que preciso destes shots de inspiração. Da próxima vez que ouvirem o “Não dá” ou a “Balada do Desajeitado” na rádio, lembrem-se que eles também ouviram muitos “não dá” antes de chegarem a um Rock in Rio lotado.
Voilá, o diário do segundo fim-de-semana com um mix de chuva e sol, algumas das minhas pessoas favoritas no mundo, colegas do Observador com os quais tenho o prazer de trabalhar e partilhar ideias e, porque isto é preciso descansar, longas conversas pela noite dentro com o palco como pano de fundo.
Vemo-nos em 2018!
Fotografias tiradas por Faz de Conta Fotografia
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