Fotografias tiradas por Sara Cabido | Little Tiny Pieces
Se não gostam de história, vão achar este texto demasiado aborrecido e podem já passar lá para baixo e ver só as fotografias. Mas eu, obcecada por história de Portugal e romances históricos, sei tanta coisa sobre esta praça que vai ser difícil resumir algumas curiosidades mais interessantes. Mas vou tentar 🙂
Estou no Terreiro do Paço ou na Praça do Comércio e estes nomes têm uma explicação. O nome Terreiro do Paço vem de outros tempos, quando aqui viviam os Reis de Portugal. Tudo o que hoje em dia está ocupado por ministérios e outros departamentos foi, durante dois séculos, o Palácio Real e a sua bruuuutal biblioteca que, na altura, tinha mais de 70 mil livros, centenas de obras de arte e documentos relativos aos descobrimentos portugueses. Daí que tudo em redor eram os terreiros do paço. O nome Praça do Comércio veio depois do terramoto de 1755 quando, depois de tudo ter sido destruído, o Marquês de Pombal, ministro do Rei D. José I, decidiu valorizar a classe comercial e burguesa – um peso forte na reconstrução de Lisboa – e chamá-la de Praça do Comércio.
Durante séculos, esta praça foi a entrada para Lisboa. Era aqui que os barcos desembarcavam e por onde os Reis e Chefes de Estado que visitavam Portugal entravam. Daí a escadaria em mármore que vem do rio em direcção à praça. Também era aqui neste cais que ocorriam os banhos semanais onde, algumas pessoas, ousavam banhar-se nuas – aka um choque para a época! Foi depois da remodelação Pombalina que nasceram estes edifícios arqueados e amarelos (que, na implantação da República foram pintados de cor-de-rosa republicano mas, depois, voltaram à cor original). Ao centro, está a estátua de D. José I, montado no seu cavalo, e a norte o Arco Triunfal da Rua Augusta que, mais uma vez, foi pensado por Marquês de Pombal como uma entrada triunfal para a Rua do Ouro – uma das principais áreas de comércio de Lisboa após o terramoto. Se olharem com atenção, vão ver que o Arco contem, num primeiro plano, uma representação da Glória coroando o Génio e o Valor, e, num segundo plano, 4 figuras importantes da nossa história: Vasco da Gama, Marquês de Pombal, Viriato e Nuno Álvares Pereira.
Durante o Estado Novo, esta praça ficou conhecida pelos célebres discursos de Salazar à janela dos ministérios e que atraia multidões à praça. E foi também aqui que, a 25 de Abril de 1974, o governo de Marcello Caetano e o Estado Novo foi derrubado e, com ele, o fim da ditadura em Portugal.
Nós que aqui moramos pouco ou nada ligamos a esta praça mas é uma das maiores da Europa e considerada das mais bonitas pela sua envolvência mágica, dimensão e localização em frente ao rio.
__________________________________________________________________________________
If you don’t like history, you will find this post too boring and you can jump directly to the pictures. But I am obsessed with history and culture and I know so much about this square and its historical events that it’s difficult to summarize some of the more interesting curiosities for you, visitors. But i’ll try 🙂
I am in Terreiro do Paço or Comércio Square and these two names have an explanation. The Terreiro do Paço name comes from other times, when the Kings of Portugual used to live right here. All these buildings that, today, are occupied by ministries and other departments were, for two centuries, the Royal Palace and its huge library that, at the time, had more than 70K books, hundreds of art works and precious documents of the Portuguese discoveries. The Commerce Square name came after the 1755 earthquake when, after being detroyed, the Marquis of Pombal (minister of King José I) decided to enhance the bourgeois class and the commerce – two pillars in the reconstruction of Lisbon – and call it the Comércio Square.
For centuries, this square was the entrance to Lisbon. It was here that the boats landed and where the Kings visiting Portugal used to get in Lisbon. That’s why there are these marble staircase that comes from the river towards the square. It was after the Marquis of Pombal reshuffle that these arcaded yellow buildings (which, after the establishment of the Republic were painted in pink – the republican color – but, then, returned to the original color). At the center of the square is the King José I statue, mounted in his horse and, at north, the Triumphal Arch of Rua Augusta which, again, was designed by the Marquis of Pombal as a grand entrance to the Rua do Ouro (Gold Street) – one of the main areas of Lisbon commerce after the earthquake. If you look carefully, you’ll see that the Arch contains, in the foreground, a representation of Glory crowning Genius and Value and, in the background, four important figures in our history: Vasco da Gama (a Portuguese explorer and the first European to reach India by sea), Marquis of Pombal, Viriato (the most important leader of the Lusitanian people that resisted Roman expansion) and Nuno Alvares Pereira (a Portuguese general who had a decisive role in the 1383-1385 crisis that assured Portugal’s independence from Castile).
During the Estado Novo (“New State”, was the corporatist authoritarian regime installed in Portugal in 1933, often considered to be a dictatorship), this square was known by the famous speeches of Salazar (a Portuguese politician and economist who served as Prime Minister of Portugal for 36 years, from 1932 to 1968) at the window of the ministries. And it was also here that, at 25th April 1974 (the day of the Carnation Revolution), the government and the Estado Novo were overthrown and, with it, the end of the dictatorship in Portugal.
We, Lisbon people, pay little or nothing attention to our history but this is one of the largest squares in Europe and considered one of the most beautiful thanks to its magical surroundings, size and location across the river. While visiting Lisbon, you should really come here and take a stroll around the square, stop by the river, sit down and enjoy a sunny afternoon in our city.
I Was Wearing: shirt, H&M; vest, skirt and boots, Zara; bag, Guess; sunnies, Parfois.
“Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas”
Comments