Cada vez mais sou apologista de que as mulheres se devem ajudar mais umas às outras. E eu sou defensora, e praticante, acérrima desta filosofia. Gosto de ajudar, gosto de partilhar experiências, gosto de conhecer o trabalho de outras pessoas, e de dar a conhecer o meu, gosto de dar ideias, e receber outras de volta. Gosto, enfim, de acreditar que a minha vivência serve algo mais que o meu mundo.
Mas também sou muito mal interpretada. Se eu não falo nos eventos/apresentações, as pessoas assumem que sou arrogante, não envergonhada (que sou, e bastante!). Se gosto do meu trabalho e fico feliz por algo que faça, assumem que me acho a melhor (quando eu até coloco, demasiadas vezes, em causa o meu trabalho). Se dou uma opinião, tecem que só critico mas se não a dou, não tenho nada para dizer. Se falo da imprensa, julgam que me acho tão boa que não me enquadro nela quando, na verdade, apenas abordo alguma frustração por não termos uma imprensa tão grande e arrojada como Inglaterra, França ou o Brasil, por exemplo. Se digo que gosto de ler sites/revistas internacionais, sou apedrejada porque digo que nada em Portugal presta. E isto de se ter um blogue ou de se escrever para este universo tão vasto que é a internet também tem o seu lado mau. Porque cada pessoa interpreta o que lê à sua própria maneira e faz, assim, juízos de valor.
Eu própria já dei por mim a fazer juízos de outras pessoas só porque não falam, ou porque não sorriem, ou porque tiram fotos assim, ou porque escrevem assado, ou por isto ou por aquilo. E tenho vindo a tentar auto-impor-me a não fazer juízos, antes de conhecer, e, acima de tudo, a não interpretar as coisas pela negativa.
Eu gosto de ler revistas/sites/blogues internacionais mas tenho um orgulho desmedido no que se faz cá. E também os leio. Não faria sentido, enquanto jornalista, não ler tudo o que se faz em Portugal, não conhecer o trabalho dos meus colegas e não acompanhar a nossa imprensa e blogosfera. Gostava que a nossa imprensa fosse como noutros países apenas porque iríamos conseguir empregar muitos mais jornalistas e ter um número maior de jornais e revistas nas bancas e no online. Mas também sei que, para isso, teríamos que ter uma audiência 3 vezes superior ou duplicar, hummm clonar, a população portuguesa. Gostava que pudéssemos arrojar, porque significaria uma maior liberdade de expressão criativa a todos os níveis e em todas as áreas. Mas em nenhum lado, eu critico, julgo, aponto dedos ou me auto-valorizo em detrimento das outras pessoas. Posso dar opiniões, porque vivemos numa sociedade livre para opinar, mas há uma linha que separa a opinião da crítica. E, além do mais, acredito que há espaço para todas as ideias e para toda a gente. Mesmo no nosso pequeno Portugal.
E isto para vos dizer o quê? Que conheci a Daniela Schwanke no ano passado, através do LinkedIn. Na altura, a Daniela, uma jornalista brasileira, contactou-me para me fazer questões sobre a imprensa em Portugal. E depois de várias mensagens no LinkedIn, passámos para emails, trocámos imensos contactos, ideias para artigos, inspirações. Em nenhum momento eu senti que a Daniela pudesse ser uma ameaça e, como tal, não a iria ajudar. Muito pelo contrário. Achei que ela era tão boa jornalista e tinha ideias tão boas, que se a pudesse ajudar a vingar ainda mais, iria ser fantástico. Porque é isso que todas nós, mulheres, temos de fazer. Ajudar-nos umas às outras, ao invés de nos sentirmos ameaçadas. Degrau a degrau, todas conseguimos subir. E a dada altura da nossa subida, todas vamos precisar que uma mão nos puxe quando tropeçarmos.
A Daniela escreveu um artigo sobre bloggers portuguesas para o Brasil Post e, voiláááá, dei comigo no artigo, juntamente com a Margarida e a Cátia do Style it Up, a Carolina do French Fries e a Patrícia do The Juicy Glambition. Todas trocámos ideias e opiniões sobre beleza, moda, blogues e Lisboa.
Para conhecerem o trabalho da Daniela, espreitem o blogue dela, as crónicas dela no Brasil Post e alguns trabalhos que ela tem feito nos últimos anos.
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