Duas coisas que me perguntam constantemente: como é que consigo que os gatos não comam, tirem a terra ou destruam as plantas e como é que consigo ter tantas de verão e inverno.
A primeira, na verdade, não posso ajudar muito. Simplesmente acho que tenho sorte. Os meus gatos não ligam assim tanto às plantas como seria de esperar. Volta e meia lá brincam com uma folha ou assim mas não tiram a terra, não sobem às prateleiras para as comer e a maioria está simplesmente no chão e eles também não lhes ligam. E quando o fazem, eu ralho, tiro-os de lá e acho que dou a entender que não o podem fazer. Ou sou mesmo muito boa a falar com eles (e poderia ser a encantadora de gatos lol) ou eles é que são gatos muito bem educados. Prefiro a primeira. É um dom.
Quanto à segunda questão, talvez possa ajudar. Mas aviso já que não estudei botânica nem nada que se pareça e tudo o que vou partilhar é meramente uma opinião tendo em conta a minha humilde experiência.
Plantas compradas VS Plantas criadas (ou roubadas mas depois sou ofendida)
O que muita gente me diz é que é uma serial killer de plantas. E isso dá-me vontade de rir porque eu também achava que seria uma mas é tudo uma questão de hábito e de aprender alguns truques.
Já comprei muitas plantas no último ano mas a verdade é que também não tive muita sorte com algumas delas. Estão lindas nos supermercados e passado uns tempos em casa… morrem. Há várias razões para isso.
Compramos uma planta errada
No início do Outono comprei uma Codiaeum linda no Jumbo (e mostrei neste post), uma planta do Brasil conhecida por ter folhas roxas exóticas e bonitas. Esta é uma planta que quer muito calor, luz directa e, acima de tudo, muito sol. Primeiro, comprei na altura do ano errada. Meteu-se o inverno, o frio e a falta de luz. E por mais que a tenha deixado à janela, a verdade é que só apanhava sol à tarde e pouco. Neste momento, está praticamente morta, as folhas caíram todas e só lhe restam meia dúzia delas. Ainda estou a ver se com a primavera voltam a nascer mas não estou com muita esperança.
Por outro lado, comprei na mesma altura e também no Jumbo uma Cheflera Gold Capella, uma planta que se dá bem dentro de casa porque não quer sol directo e é uma planta muito rústica, que não requer muitos cuidados nem muita água. Perfeita para quem acha que mata todas as plantas porque é bem duradoura e cresce bastante rápido (é a que tenho ao lado da televisão, alta). Agora no inverno perdeu algumas folhas (que é perfeitamente normal) mas já tem dezenas delas a nascer.
Não mudamos as plantas de vasos
Quando as plantas estão nos supermercados, estão em vasos de tamanho limite. Ou seja, em casa não as podem deixar eternamente nos vasos originais porque as raízes vão começar a atrofiar lá dentro por não terem espaço para crescer. Lembram-se daquela planta que “resgatei”? Não tenho nenhuma fotografia dela mas é uma espécie de uma palmeira caseira estranha que cresceu muito (é mais alta do que eu) e foi deixada ao abandono durante anos e, sabe lá Deus como, nunca morreu mas estava com as folhas amarelas e apodrecidas. O vaso era tão pequeno que tive literalmente de o serrar com um serrote para conseguir libertar a palmeira. As raízes tinham saído por fora do vaso, estavam enroladas e presas ao seu redor. Resgatei-a (que é como quem diz roubei-a ao seu dono negligente do prédio da minha mãe) no outono e, neste momento, as folhas estão enormes, nasceram dezenas de outras, estão verdes e a melhorar de dia para dia. (nota: o dono não deu sequer pela falta dela)
O ideal será deixar a planta habituar-se à nova casa durante mais ou menos uma semana e, então, fazer a mudança de vaso, colocar uma terra adequada, um vaso maior e começar a “alimentá-la” devidamente. Outro erro é que a planta não deve ficar no fundo do vaso porque as raízes precisam de espaço para crescer. O ideal será colocar terra no novo vaso até meio, colocar a planta e preencher o resto com terra.
Não fazemos uma boa drenagem
Que palavra estranha, eu sei. Foi a minha mãe que me explicou. A maioria dos vasos tem buracos no fundo para a água sair. É exactamente isto que é a drenagem. Mas muitos vasos bonitos (como aqueles em louça) não o têm. Nesses casos, tem de se improvisar uma drenagem ou a água não tem por onde sair, a terra começa a ficar empapada e as raízes vão apodrecer.
A minha mãe ensinou-me um método muito simples: colocar pedras no fundo do vaso (de preferência do género tijolo) o suficiente para tapar todo o fundo e, de seguida, uma camada de areia lavada (aquela de construção). Então, pode colocar-se a terra. A areia vai fazer com que a água escoe para a próxima camada – a pedra – e não asfixiar as raízes. A minha mãe diz que também funciona só com pedras (caso não tenham areia). Plantei a minha Monstera num vaso com pedras e terra e a verdade é que já lá está há meses e continua a crescer e a crescer.
Mas nas plantas “roubadas”…
… a coisa corre muito melhor. Se colocarmos um braço de uma planta a criar raiz em água e, depois, a plantarmos em terra, é mais provável que ela dure. Porque estamos a criar uma nova planta dessa planta. Ou seja, estamos a criar um novo caule. É por isso que entre os amantes de plantas existe o conceito de “roubar um bracinho”. A partir de um fragmento de uma planta consegue-se originar uma nova com as mesmas características da original. É uma espécie de reprodução de plantas.
Muita gente faz isso para substituir as plantas mais velhas por outras mais jovens ou para ter uma espécie de “filhotes” dessa planta tão adorada.
A minha Tradescantia (vende-se várias desta família no Ikea, a minha é a Violet Hill, uma espécie de trepadeira), por exemplo, começou a morrer aqui em casa. São plantas caseiras, que não querem sol directo mas são muito, muito frágeis e partem-se facilmente. Da planta original (na foto aqui em baixo, no vaso redondo) só restam três raminhos. Mas nos últimos meses, fui colocando os ramos partidos em água e daí criei novas plantas. Agora tenho três novos vasos com esta planta na cozinha e estão grandes, fortes e continuam a crescer (ou a cair porque ela tem este efeito trepadeira) e tenho mais frasquinhos de água a criar novas raízes. Daqui a nada começo a fazer uma venda de Tradescantias.
Outras coisas interessantes que a minha mãe me ensinou…
É preciso fertilizar as plantas e o mais fácil é com húmus de minhoca. Assim, ao serem plantadas ou colocadas no novo vaso, deve-se colocar o húmus e mudar a cada nove meses.
Temos de entender o ciclo de vida das plantas. Algumas são anuais (estão sempre em folha o ano todo), outras são vivazes, ou seja, vão perdendo as folhas e as flores no inverno e voltam a florescer no verão. Não atirem para o lixo uma planta que pode estar apenas no seu ciclo.
Deve-se regar com regadores de bico porque a maioria das plantas de vasos apenas quer água na terra.
Demasiada água mata, certo? Para saber quando é que uma planta precisa de água, coloca-se o dedo dentro da terra. Se esses primeiros centímetros de terra estiverem secos, a planta precisa de água. Se ainda estiverem húmidos, não precisa.
No verão deve-se pulverizar as plantas devido ao calor. Mas durante o inverno também porque as casas são aquecidas e o ar fica seco.
A planta Pau D’Água é perfeita para quem acha que não consegue manter uma planta. A que trouxe aqui para casa quando me mudei estava há uns 20 anos em casa dos meus pais. Sobreviveu a tudo e mais alguma coisa porque são plantas que duram muito e que requerem poucos cuidados. Agora comprei outra (com outras cores) para fazer companhia a esta avó.
E acho que, com estas dicas, vão deixar de ser serial killers de plantas. Confiem em mim 🙂
Na foto da esquerda está o Pau D’Água de 20 anos dos meus pais que veio comigo na mudança de casa. Na foto da direita, em cima da estante de livros, está o Pau D’Água bebé que comprei e que daqui a mais uns dias vou mudar para um vaso maior.
Pequeninas Tradescantia a criar raiz.
Quando estava a plantar esta (que a minha mãe “roubou” no trabalho para mim e para ela), partiu-se um dos braços. Plantei a outra e coloquei este a criar raiz a ver se sobrevivia. Vejam o tamanho da raiz. Precisa rapidamente de ser plantado ao pé dos irmãos.
Neste vaso ao lado do rádio estão duas plantas diferentes que plantei no mesmo vaso um dia em que não tinha mais vasos e, afinal, estão a dar-se bem. São ambas do género trepadeiras e estão a crescer e a crescer.
Esta Hera do lado direito esteve praticamente morta e sem folhas durante o inverno (é aquela que na fotografia da sala lá atrás está pendurada do tecto vibrante e grande quando ainda era verão). Estive quase para a deitar fora porque estava moribunda. A minha mãe insistiu para continuar a regar e dar-lhe tempo. Pimbas! Já estão a nascer dezenas e dezenas de novas folhas.
Esta trepadeira deve ter tantos anos quanto eu. Está à porta de casa dos meus pais e já dava a volta à porta três vezes. Depois de tanto pedir, a minha mãe cortou metade e deu-me. O caule está num frasco (do lado direito da prateleira) a criar raiz para depois ser plantada novamente e continuar a crescer aqui em casa. Em cima dos livros está mais um vaso de Tradescantia.
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