Acho que a dada altura da vida, todos passamos por aquelas fases de coleccionar amigos, nem que seja para recebermos convites para festas ao sábado à noite. As saídas em grupo, os cinemas em excursão e todos os dramas que envolvem múltiplas relações são suportáveis aos 20 anos. Porque quando circulamos em grupos grandes, deixamos de ser nós próprias para agradar a toda uma avalanche de gente.
Depois de anos a aturar filmes e personalidades que não tinham nada a ver com a minha, percebi que, na verdade, não queria toooodos aqueles amigos. E, em grupos de mulheres, falam todas mal umas das outras. E saem com os ex-namorados umas das outras. A dada altura, apercebi-me que perdia demasiado tempo com pessoas de quem, na verdade, não gostava. Não havia espaço para todas essas pessoas na minha vida e comecei a limpar a casa. Sentia-me demasiado ocupada e demasiado cansada para continuar a regar amizades que já tinham murchado.
Acho que todos chegamos a um ponto na vida em que nos tornamos cada vez mais exigentes e picuinhas relativamente às pessoas que vamos deixar entrar no nosso mundo privado. As festas ao sábado à noite deixam de ter importância e procuramos profundidade e integridade. Ansiamos por conversas reais e por pessoas que nos abracem e ouçam os nossos dramas sem revirar os olhos. Ansiamos por amigos que nos digam a verdade, mesmo aquela mais feia de se ouvir. Amigos com quem teríamos confiança em deixar os nossos filhos. Amigos com quem podemos estar calados, apenas a apreciar a companhia um do outro. Amigos que não nos julgam pelas más escolhas que fazemos. Amigos que acreditam em todos os nossos sonhos. Amigas que apoiam as nossas ideias. Amigos que vêem o nosso melhor lado porque sabem que, lá no fundo, todos temos coisas más. Eu sou esse tipo de amiga. E tenho o privilégio de ter pessoas assim na minha vida.
Há-de chegar a uma altura em que os amigos são cada vez menos. E cada vez melhores.
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