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Foto do escritorHelena Magalhães

O Fenómeno Geordie Shore e a imposição da beleza

Eu não sou contra as cirurgias plásticas – porque cada pessoa escolhe fazer o que lhe apetecer com o seu corpo. Mas sou contra a obsessão pela beleza, pela magreza e pelo padrão que nos é imposto em todo o lado. Padrão esse que sentimos que não conseguimos atingir se não formos pelas vias comuns: cirurgias, preenchimentos, tratamentos e, em última análise, photoshop. Mas já batalhei tanto no photoshop que, por hoje, não vou por aí.

Atirem-me já pedras aqui mas eu sou/fui uma espectadora assídua do Geordie Shore (não o americano, mas o britânico). Ria-me com a burrice do Gaz, fiquei solidária com a Holly, que foi excluída pelo resto dos moradores (e abandonou a primeira temporada 2 vezes) porque, no primeiro episódio, decidiu mostrar o peito e fazer trabalho oral com um dos rapazes, if you know what I mean, achava uma piada à Vicky e à sua mania de que era uma Geordie VIP só porque sabia três ou quatro palavras caras e enterneci-me com o amor da Charlotte pelo Gaz – amor esse que a levou, over and over again, a fazer as mesmas parvoíces, a chorar prantos ínfimos e a ouvir dele sempre as mesmas palavras – I don’t love you – só queria mesmo era ir para a cama com ela. Todas as noites.

Ora, eu achava um piadão a este programa porque elas – vou só focar-me nelas – eram quatro miúdas completamente normais q.b (tirando os bronzes falsos, as extensões de cabelo, as pestanas, as unhas…), que queriam sair, queriam divertir-se, queriam dinheiro, queriam fama, queriam amar, queriam ser aceites – independentemente de todo o sexo, álcool e figuras menos felizes em que foram filmadas – e que era o propósito. O programa teve (e tem) o sucesso que teve (e a Charlotte, mais tarde, entrou no Big Brother Famosos e ganhou) porque eram espontâneas, carismáticas e o público acarinhou-as (ao contrário do que aconteceu nos EUA com o Jersey Shore).

Agora chegamos à parte em que, ontem, acabei de perceber que, neste momento (na 10ª temporada de Geordie Shore), todas elas estão transformadas em Barbies de botox. O que é que aconteceu às quatro raparigas simples de Geordie? Em que momento é que se sentiram obrigadas a mudar toda a sua aparência? Foi o mercado? Foi a televisão? Foi a fama? Foram as revistas? Foram os comentários do público que escrutinou toda a sua aparência? Porque é que nenhuma delas se conseguiu manter como era? E a minha questão é a mesma de sempre: porque é que não nos conseguimos aceitar e procuramos, a toda a hora, corresponder a um estereótipo de beleza que nos é imposto?


A Charlotte no início do programa e agora.


A Charlotte e a Holly na primeira temporada e agora.


As várias mudanças de Holly até agora


Vicky no início do programa e agora

Por outro lado, toda a pressão da fama levou-as a perceber que tinham de ter hábitos de vida mais saudáveis. E todas passaram por mudanças que incluíram deixar de beber álcool em doses assustadoras e comer porcarias às 7h da manhã. Haja alguma mensagem positiva a reter no meio disto tudo. Embora algumas destas mudanças tenham incluído cirurgias para perder peso e muito botox e cirurgias plásticas, todas elas defendem, hoje, padrões de vida saudáveis, lançaram programas de exercícios inspirados nos treinos delas e querem passar, às outras mulheres, uma mensagem de corpos sãos.


Concordam com esta pressão assustadora por padrões de beleza inatingíveis? Também sentem esta pressão no vosso dia-a-dia?

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