Eu não conhecia a Susana mas vi ontem, no mural de tanta gente, a notícia de que a Susana havia perdido a luta contra o cancro. A Susana tinha um blogue. E ontem foi a primeira vez que lá entrei para ver de quem se tratava. Fiz isso de coração nas mãos – não que a Susana fizesse parte da minha vida – mas porque espelhamos sempre em nós as dores dos outros.
Podia pegar neste assunto para falar de como nós, bloggers, acabamos por ser tão egoístas umas com as outras. Ao fim e ao cabo somos apenas seres humanos a partilhar as nossas pequenas coisas num universo virtual tão extenso como a blogosfera. E estamos a deixar uma pequena marca por aí. Há espaço para todas nós, poderia eu dizer. E é verdade. Mas não deixamos de nos atacar umas às outras – bloggers contra bloggers. Ou porque uma recebeu o produto X. Ou porque outra foi a um evento. Ou porque outra compra seguidores. Ou porque outra compra likes. Ou porque outra está a fazer posts publicitários. Ou porque outra engana as marcas. Ou porque outra nos está a imitar. Há sempre algo a apontar e – contra mim falo – também dou por mim a mergulhar nestes assuntos de quando em vez.
Mas acho que há muito mais a dizer do que uma mera luta de valores entre bloggers. Quem compra seguidores, assim o tem na consciência. Quem imita, que imite. No final do dia, a única coisa que importa não deveria ser a nossa paz de espírito?
A Susana – que eu não conhecia – perdeu a luta contra o cancro. E eu tenho e tive amigas a passar pelo mesmo. Também eu tremo só de ouvir esta palavra demoníaca. E entre as mil coisas que poderia dizer, só quero apontar uma: vivam.
Vivam, foda-se. Porque amanhã podemos não estar cá.
Beijem, digam que amam, viajem, passem mais tempo com a família e amigos, desliguem mais das redes sociais, não pensem tanto nos problemas, não percam tempo a tentar impressionar pessoas que não vos conhecem a não ser num ecrã e não questionem tudo e mais alguma coisa porque somos nós que fazemos a nossa própria felicidade.
Desafiem-se a vocês próprios, procurem o emprego dos vossos sonhos, continuem a sonhar, ultrapassem barreiras, façam tudo aquilo que acham que não conseguem fazer, ponham em prática as vossas ideias, batam às portas, não tenham medo de ouvir um não.
Já viram os países que não vão poder visitar? As línguas que não vão falar? Os livros que não vão ler? Os filmes que não vão ver? As ciências que não vão aprender? As pessoas que não vão conhecer? Não deixem o amor escapar da vossa vida enquanto questionam se essa relação vale ou não a pena – vivam essa relação. Podem vir a ganhar mais com ela do que aquilo que imaginam.
A cada dia que passa perdemos mais tempo. Por isso, vivam-no da melhor maneira possível.
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