Há dois tipos de pessoas solteiras no mundo: aquelas que vivem com medo constante de ficarem sozinhas para o resto das suas vidas e as mentirosas.
Brincadeira.
Há milhares de pessoas que vivem tranquilamente as suas vidas sem se preocuparem se têm ou não alguém com quem partilhar uma caixinha de comida chinesa à noite. Bem, eu acho que me enquadro numa dessas pessoas. E não querendo dizer que não sou uma pessoa de relações, porque acho que não há ninguém que não seja de relações, não procuro incansavelmente o Santo Graal da felicidade personificado num homem. Quando começamos a matutar que o amor nuuuunca nos vai acontecer é muito mais fácil deixarmo-nos apanhar na primeira pessoa que nos piscar os olhos. Qualquer homem é um potencial parceiro e damos tudo por tudo mesmo sabendo que aquela pessoa não é a certa. E quantos de nós não saltamos de noite em noite, de relação em relação, de casamento em casamento na tentativa de, com uma nova pessoa, curar a solidão e o vazio que as relações falhadas deixam?
Eu, por outro lado, tenho as minhas preocupações focadas num outro prisma – depois de mais de um ano completamente sozinha, não vou namorar rigorosamente ninguém a não ser que ele seja absolutamente perfeito. E, acreditem, quando começarem a viver sob este prisma não têm a noção da quantidade de dores de cabeça que vão evitar – discussões, desilusões, encontros falhados, fretes e caminhar sobre ovos todos os dias na tentativa de não fazer nada que possa estragar o que se tem… Uma vez saí com um tipo que, soube depois de entrar em sua casa, vivia numa completa confusão. Não tinha moveis – tinha tudo espalhado pelo chão. Alguém que não se dá ao trabalho de ter a própria casa em ordem vai dar-se ao trabalho de trabalhar uma relação? As pessoas dizem a palavra solteiro como se fosse uma condição, como se fosse algo totalmente assustador, como se quem é solteiro tivesse uma qualquer doença contagiosa. Mas continuamos a ser as mesmas pessoas quer estejamos numa relação ou não.
Conformarmo-nos com menos é precisamente o que muitos de nós fazem, simplesmente porque é muito menos assustador que sermos só nós sozinhos. Sozinhos com as caixinhas de comida chinesa a ver televisão a uma sexta-feira à noite.
O meu conselho para quem vive dividido entre as ânsias de encontrar a outra metade da laranja e o tentar estar bem consigo próprio é apenas um – procurar a felicidade em qualquer que seja o estado civil que tenham escarrapachado na testa: solteiro, comprometido, assim-assim, numa amizade colorida, numa relação de fim-de-semana, numa amizade só de cama… Porque só vamos ser felizes com alguém quando conseguirmos ser felizes connosco próprios. E isso implica não procurar que todos os homens assinem o contrato de relação sem termo. Se nos sentirmos confortáveis a fazer as coisas que gostamos, não vamos precisar de outra pessoa para as fazer e, como tal, vamos estar satisfeitas de qualquer das formas. Quando aparecer alguém que queira partilhar a vida connosco a full-time, será um bónus extra.
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