Será que já não existem homens que, na verdade, não tenham medo de assumir um compromisso? Quando recebi esta mensagem, demorei algum tempo a responder porque não queria ser negativa – não, já não existem homens porque são todos uns idiotas – mas também não queria responder com uma mensagem cliché – o bom vai aparecer um dia quando menos esperares, blá, blá, blá.
No outro dia, eu dizia para uma amiga: conheço constantemente três tipos de homens: gays, casados ou cabrões. Bem, nenhum dos três me interessa propriamente. Então, onde estão os outros?
Eu pensei que este tipo – o da mensagem – fosse mais novo. Mas depois a leitora disse-me que tem mais de 30 anos: assustador. Não é que eu acredite piamente que o romance e o cavalheirismo acabaram – não é bem isso. Mas estão escondidos debaixo dos snapchats, e das mensagens com pilas que nos enviam, dos chats intermináveis e dos whatsapps cheios de erros ortográficos. E com Happn’s e Tinder’s, a grande maioria dos homens simplesmente se tornou preguiçosa na arte de conquistar porque tudo o que tem de fazer é rolar pelo telemóvel e escolher alguém com quem passar a noite. Perderam interesse em esforçar-se para estar com uma mulher porque o sexo, hoje em dia, está prontamente disponível em qualquer lado.
O que eu quero dizer é que – tanto para nós, como para os homens – as regras do jogo mudaram. E muita gente [eu inclusivamente] não leu as instruções.
As regras do jogo mudaram
Há uns tempos fui jantar com um tipo a quem disse logo de prontidão que não era fã de redes sociais – para explicar o porquê de não lhe responder durante o dia às mensagens que me enviava. Esta necessidade de se passar o dia inteiro a falar é desgastante e obsessiva. Apaixonamo-nos não pela pessoa mas pela companhia que as suas mensagens nos faz. Adiante… ele não entendeu, porque nos dias seguintes continuou a mandar mensagens. A meio da semana, combinámos encontrar-nos num concerto onde eu iria estar e disse-lhe: quando chegares, liga-me. Beijinhos e até sábado. Bem, ele não só não apareceu como acabou por não dizer mais nada. A bolinha verde no chat passou a vermelha. Uma morte virtual, presumi eu.
Mas dias depois, veio novamente falar (por mensagens, claro) e disse que, como eu não tinha falado mais, ele não achou que eu tivesse muito interesse na sua presença.
Bem… se não tivesse interesse, não tinha combinado. Mas as regras do jogo estão confusas. Muitos homens simplesmente não sabem como falar, como agir, como convidar, como estar, como conquistar. Limitam-se ao fácil – as mensagens, os chats e as conversas de ocasião até verem se a coisa se proporciona ou não. E isto acontece mesmo com tipos de 35 anos.
Se um tipo vos disser que não está pronto para um compromisso… acreditem!
Por outro lado, há mesmo quem só queira sexo – e isto dá tanto para nós como para os homens. E, na grande maioria dos casos, os homens são bem explícitos naquilo que querem. Se um tipo vos disser que não está pronto para um compromisso mas que gosta de vocês e quer estar convosco… é o mais sincero que ele vai ser. Não coloquem poesia e magia nas suas palavras. Eu já o fiz – acreditei que, com o tempo, eles se iam apaixonar e ver como a nossa relação era boa. E isso nunca aconteceu. Em todos os casos, fui levada ao limite por tipos que realmente queriam estar comigo. Mas não se queriam comprometer comigo.
Tudo aquilo que não é suposto acontecer, vai constantemente magoar-vos, iludir-vos e partir-vos o coração. É por isso que, ao fim de 15 anos a namorar [partindo do principio que, como tenho 31 e a minha vida amorosa começou lá para os 15, já conto com uma quinzena de anos de experiência. Já podia escrever um livro e uma sebenta sobre o tema, uma tese de doutoramento e um álbum de memórias], simplesmente deixei-me dessas merdas.
A partir de uma certa idade – talvez a partir dos 30 – existe uma pressão brutal em todos nós – homens e mulheres. É difícil sair com alguém e simplesmente querer passar um bom serão sem se sentir a pressão absurda do sexo. E por esta altura, seria de esperar que os homens já tivessem outros hobbies que não sexo casual mas… isto está fraco de hobbies. O mais certo é muitos homens desaparecerem quando perceberem que não vai haver uma festa dentro das calças deles. E ainda bem que assim o é – a triagem torna-se muito mais simples.
Todos queremos o mesmo. Percorremos é caminhos diferentes até lá chegar
No final do dia, todos queremos a mesma coisa: alguém para abraçar quando chegamos a casa. Alguém que nos faça sentir felizes. Alguém que nos veja por aquilo que realmente somos. Alguém com quem não tenhamos de estar constantemente a representar. Mas o caminho que percorremos até lá chegar é diferente para todos nós. Há quem queira sexo nos intervalos dos filmes principais das suas vidas. Há quem prefira ficar a comer pipocas até um novo filme começar.
Se continuam constantemente a tropeçar em tipos que só querem sexo até o filme começar… mas nunca querem ver o filme convosco, chutem a bola para outro sítio. Além dos gays, dos casados e dos cabrões, há milhares de homens bons que também procuram por uma mulher boa.
Difícil é encontrarmo-nos todos no mesmo sítio quando andamos perdidos pelas redes sociais e por todos estes jogos cujas regras estão todas confusas. Mas é essa a piada da coisa.
Se tiverem temas que gostassem de discutir, mandem-me mensagens. Nem sempre estou inspirada por isso é óptimo falar de coisas que sei que realmente acontecem a mais pessoas.
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