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Foto do escritorHelena Magalhães

O AMOR É OUTRA COISA #42 Erro #1 das relações: tornarmo-nos uma personagem



No verão passado, conheci um tipo. Não lhe vou chamar tipo porque era boa pessoa. Conheci um homem 20 anos mais velho que eu e com quem criei uma boa relação porque passei férias na casa dele. Ou seja, 15 dias juntos onde tivemos longas conversas sobre relações humanas. Ele era divorciado e tinha ideias completamente vincadas sobre as mulheres.


Quando fazemos coisas estúpidas para encaixar na vida de alguém


As mulheres expõem-se desesperadamente perante um homem, disse-me ele uma vez enquanto comíamos amendoins na piscina. E isso faz com que um homem perca todo o interesse nelas. Ele tinha razão. Não conheço nenhum desse tipo de mulher, respondi a rir.


Mas na verdade conheço e sei que passo a vida a falar disto mas é um tema que está sempre a acontecer à minha volta: as mulheres querem obsessivamente uma relação. Não que isso seja mau – o amor é a melhor coisa da vida. Mas ao quererem sentir-se validadas perante os olhos de outra pessoa, acabam por deixar de ser elas próprias. Eu também já o fiz. Nenhuma meia laranja quer ser sozinha. Porque uma laranja aberta e cortada ao meio apodrece.

Isto é uma analogia mas responde a uma necessidade básica de sentirmos que somos aceites. Quando era mais nova, e conhecia um tipo de quem gostava, dava por mim a fazer coisas absurdas para me encaixar na vida dele. Ia a sítios onde não gostava, fazia coisas que não me interessavam e passava horas, dias, semanas a ser uma personagem de mim própria só para corresponder a algo que eu achava que ele iria gostar.

A noite em que quase ia ao Lux

Nunca, nunca, nunca, nunca me vou esquecer de uma noite estúpida em que estava a jantar com amigas e não parava de falar obsessivamente sobre irmos ao Lux. 

Pausa.

Eu odeio o Lux.

Mas um um tipo com quem andava a sair e por quem tinha uma paixoneta ia para lá e eu queria, porque queria, ir lá ter. No meio do jantar e de uma discussão, uma das minhas amigas gritou: Porque é que queres ir para o Lux atrás dele quando ele se está nas tintas para ti?

Ele estava-se nas tintas, era verdade. Só saíamos para irmos para a cama de vez em quando. Mas eu acreditava piamente que ele ia ver o quão apaixonado estava por mim. Só que não estava. Eu levantei-me da mesa, saí de casa da minha amiga, bati com a porta e fui embora. Não falámos durante umas duas semanas até eu lhe ter dito que ela tinha razão e ter agradecido pelo grito que me deu.

Nada será real se não formos nós próprios

Deixarmos de ser nós próprias para agradar a outra pessoa é o erro # 1 que podemos cometer nas relações.

Este homem que conheci no Verão dizia-me que só o amor por si só não bastava. Que gostar é muito bonito mas é preciso haver sintonia plena de vida. É preciso sermos nós próprios e encaixarmos perfeitamente no “eu próprio” da outra pessoa. Nunca vou voltar a casar, dizia-me ele. Porque as mulheres hoje em dia estão desesperadas por qualquer coisa e fazem de tudo para a ter.

É cliché dizer para serem vocês próprias e para não se sujeitarem a relações assim-assim por desespero ou por quererem à força estar com alguém. Mas é mesmo assim que tem de ser. Eventualmente, a outra metade da laranja aparece.

E ele voltou a casar, na semana passada.

Fotografia tirada por Faz de Conta Fotografia

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