Passo a vida a dizer para todas as mulheres agarrarem a vida pelos cornos e irem atrás daquilo que querem. Porque é isso que eu faço. Mas a verdade é que, no que toca a toda a parte emocional, eu também acabo por me recolher à minha concha. Se gostava de ser mais agressiva? Oh sim, gostava.
Este fim de semana saí à noite com dois amigos e, não querendo soar a falsa modesta, reparei que alguns homens olhavam para mim. Qualquer mulher repara nisso, sejamos honestas – a diferença é que nós, mulheres, não nos gabamos disso. E eu, pessoalmente, não gosto desse tipo de atenção. Mas o que quero focar é que os homens olhavam mas não abordavam. Por outro lado, eles foram abordados por mulheres.
E falo de abordagens tão idiotas como uma que lhes disse que lhes podia tirar uma fotografia, tirou e, de seguida, pediu para um deles se adicionar no Facebook dela (dando-lhe o telefone dela para a mão) para ela depois enviar a fotografia. Em 10 segundos, voiláááá, já o tinha no Facebook e, provavelmente, a esta hora em que eu escrevo isto (é meia noite) sozinha na cama, eles estão os dois em conversetas pelo chat.
Se eu dou alguma coisa por aquela relação/amizade/conversa? Claro que não. Eventualmente vão acabar por se enfiar num hotel qualquer uma noite destas e, bye bye, foi bom conhecer-te. Mas a verdade é que também pode dar certo. Podem conhecer-se melhor, podem gostar um do outro, podem fazer um click. Podem ser o amor da vida um do outro e tudo começou porque ela teve a coragem de o abordar numa qualquer discoteca com uma desculpa idiota de lhe tirar uma fotografia com o amigo.
E é este o quesito de toda esta questão de abordar/não abordar um tipo. E as consequências disso.
Já fui rejeitada várias vezes. Já tive um tipo a dizer-me que não precisávamos de sair para o ver porque podia ir ao Instagram dele. Já tive outro que me disse que não era uma boa fase para sair porque tinha muito que estudar. Já tive outro que, quando lhe liguei para irmos ao cinema a um domingo ao fim do dia, me disse que estava a beber um café com um amigo e sentia-se mal por o deixar sozinho.
Provavelmente não se sentiam atraídos por mim, não lhes apetecia sair comigo ou não sentiram um click.
Acontece.
Mas também já me apareceram em casa a meio da noite com uma caixa de gelado. Já me levaram a concertos que eu estava morta para ver. Já me gravaram cds com músicas que lhes lembravam de mim. Já me deixaram cartas no correio. Já conduziram quilómetros para me ver. Já me desenharam. Já me deixaram recados no carro. Já me ofereceram flores…
Já recebi tantos nãos quanto sins.
E já tive momentos e relações extremamente felizes apenas porque eu ou eles tivemos coragem de dar o primeiro passo.
Hoje em dia, à luz do momento em que escrevo isto, já faz muuuuuuito tempo que não me interesso por ninguém. E se eu der o primeiro passo é porque gosto (gooooooosto com toda esta entoação) realmente dessa pessoa. Se tenho medo de ouvir um não?
Porra, tenho imenso medo.
Mas o que custa um mero não face a todas as possibilidades, borboletas, vivências e estrelas que um sim pode trazer?
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