Ao contrário do que pensavam, para o último O Amor é Outra Coisa de 2015, não vou fazer um balanço de todos os idiotas de que falámos este ano. Embora isso já desse pano para mangas. Mas queria contar-vos uma história.
Numa passagem de ano, de um outro ano, em que andava a sair com um tipo, decidi passá-la com ele numa festa de amigos que tínhamos em comum. Também não tinha nada de mais interessante para fazer e pensei que sempre teria alguma história gira para contar depois. Na verdade, eu não lhe achava tanta graça assim e, se fosse hoje em dia, teria dito logo que não. Hoje, não tínhamos sequer saído tantas vezes quantas saímos na altura porque não tínhamos nada a ver um com o outro.
Mas eu tinha o coração partido e a alma despedaçada por esta relação e agarrei-me à primeira pessoa que me apareceu. Erro #1. Então lá fomos. Uma casa, muita gente, muito álcool e muita música porque eram todos músicos. A festa foi muito boa, por acaso. E entrei de tal modo no espírito que dei por mim aos beijos com ele na varanda embrulhados em mantas. Erro #2. Quando a magia da noite terminou e toda a gente começou a ir embora, fui ficando. Erro #3. Estávamos quatro ou cinco sentados no chão, já quase de manhã, eu encostada ao peito dele já meio a dormir, enquanto falávamos de relações e coisas da vida. Ele deu-me a mão e eu deixei ficar. Erro #4. Quando decidi que já estava farta e queria era ir dormir, bye bye e bom ano novo, despedi-me e fui-me encaminhando para a rua, com ele também a fazer despedidas aos sobreviventes da festa. E foi quando as sirenes começaram a tocar na minha cabeça.
Chegámos à rua, ao meu carro, estavam uns zero graus e eu tremia por todo o lado. E foi aquele momento constrangedor em que queremos ir embora e a outra pessoa está ali parada a olhar para nós.
– Vamos para minha casa? – perguntou.
– Hummm, eu vou para minha casa – respondi.
– Vou contigo para tua casa? – voltou a perguntar.
– Acho que não.
E foi péssimo – porque, durante todo aquele tempo, estive a transmitir todos os sinais errados. Eu não tinha interesse e era mais do que óbvio que a noite não ia acabar na casa de ninguém. Ingenuamente, só me queria abstrair e distrair mas todo o meu comportamento – a saltar de encontro em encontro – mostrava o oposto. E tinha mostrado um sentimento que não existia. A idiota – no sentido literal da palavra – fui eu.
E a última coisa que devemos fazer a alguém, é mostrar sinais contrários àqueles que queremos. É bom ter alguém do outro lado para falar connosco. Sabe bem termos alguém interessado em nós, a querer falar connosco, a mandar-nos mensagens, a telefonar-nos, a dizer-nos coisas bonitas. Mas é h-o-r-r-í-v-e-l confundirmos alguém em prol do nosso ego.
O que quero partilhar hoje é que a única forma de mantermos relações saudáveis é sermos honestos com quem nos rodeia. Se gostam de alguém, digam. Sem medo – o máximo que pode acontecer é a outra pessoa dizer que não é recíproco. E, se não for, ficam livres para voar para outro lado. Mas, se não gostam de alguém, não lhe dêem sinais errados. Porque o amor e as relações têm de fluir com naturalidade. Gostar de alguém não significa que querem casar com essa pessoa. Pode significar apenas que passam bom tempo juntos e isso não tem que trazer pressões para cima da mesa.
Para 2016, vivam mais as pessoas que vos rodeiam. Beijem mais na boca. Abracem mais. Dêem mais carinho. Digam mais vezes que gostam – sem medos. Não compreendo esse grande pânico da palavra ‘gostar’.
A honestidade está subestimada nos dias de hoje. Tornem 2016 um ano para mais amor – do amor de uma noite ao amor de uma vida inteira.
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