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Foto do escritorHelena Magalhães

O amor é outra coisa #1 Homens made-in-China

Não. Não, mas sim. Todos compramos made-in-China. Roupas, sapatos, malas, esfregonas, candeeiros, secadores de cabelo… E mesmo sabendo que a qualidade não é a melhor, ou que foram feitos em condições desumanas, blá, blá, blá, a verdade é que não nos preocupamos com esses pormenores. Compramos e pronto. Porque é acessível. Porque está perto de nós. E porque precisamos. Se perco tempo a verificar onde é que o casaco que comprei na Zara ou o alisador de cabelo que comprei na Worten foram feitos? Claro que não. E é exactamente onde quero chegar. Fazemos o mesmo com os homens. Enquanto os realmente bons são difíceis de encontrar, vamo-nos contentando com aqueles que estão aqui. Não são propriamente boyfriend prospects mas mentalizamo-nos que podem ser. Há dois anos fui a um Speed Dating para escrever um artigo sobre isso. E no meio de 40 pessoas (20 mulheres, 20 homens), posso dizer que as mulheres que lá estavam eram bonitas, vestiam-se bem e tinham uma excelente aparência física. Conversei com meia dúzia delas e pareceram-me interessantes, com boas ideias e um diálogo apelativo. Mas os homens, porra. Só um deles é que era minimamente interessante à primeira vista. E mesmo nos cinco minutos que passei com cada um, não houve nem um que me tivesse suscitado vontade de o convidar para sair comigo dali para fora. Lisboa está cheia de mulheres bonitas. Mulheres inteligentes, interessantes e com vidas fascinantes. Então, onde estão os homens? E sou arrogante por achar que, nas relações amorosas, também devemos deixar o darwinismo falar? Porque é que me vou contentar com o tipo que me manda mensagens com erros ortográficos e Lol’s, ou o tipo com quem vou jantar e fica bêbado, ou o tipo que trai a namorada comigo? Eu acredito que há uma relação Paul Newman-Joanne Woodward para todos nós. E, para quem não saiba, o casamento mais duradouro de Hollywood. Há homens que (ainda) nos abrem a porta do carro. Há homens que nos querem conhecer antes de nos levar para a cama. Há homens que telefonam em vez de mandar mensagens. Há homens que nos fazem sentir as mulheres mais bonitas do mundo. Há homens que querem saber se estamos bem. E se não estamos, movem montanhas para isso. Há homens que apanham aviões para nos dar um beijo. Há homens que nos vão buscar às cinco da manhã quando bebemos demais. Há homens que nos levam o pequeno-almoço à cama ao domingo de manhã. Há homens que nos compram flores. Há homens que nos escrevem cartas de amor. Eu acredito que ainda há  homens assim. E estes não são made-in-China. Estes são difíceis de encontrar, pagamos mais por eles, mas têm garantia de fabrico. Mas numa Lisboa cheia de imitações de qualidade duvidosa, onde é que estes estão?

Paul Newman e Joanne Woodward

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