Há umas semanas, fui jantar com um tipo. E como eu começo por chamá-lo de tipo já podem imaginar que a coisa não correu bem. E o problema nem foi o tipo – porque era de um tipo de tipo bastante simpático. O problema foi quando ele me decidiu adicionar no Facebook. E eu aceitei.
Como fazer uma mulher perder o interesse…
Nós já nos tínhamos conhecido, por vias profissionais, e trocado algumas ideias. Conversa puxa conversa puxa número de telemóvel puxa umas quantas mensagens e combinámos sair. Fomos jantar ao Chiado, estava uma noite fria, deu-me o casaco dele, segurou na minha mala enquanto caminhávamos a pé – a sério, alguém ainda faz isto? – e ficámos a conversar à entrada do parque de estacionamento. Só assim para matar o romance um bocadinho e cair na real.
E correu tudo bem. Ele era – e é, coitado, porque não morreu – simpático, interessante, com alguma piada e sentido de humor. Voltámos a trocar umas mensagens à noite – chegaste bem? Espero que amanhã não estejas cheia de sono no trabalho, blá, blá, blá, esse género de coisas – e foi cada um à sua vidinha na expectativa de um próximo encontro em breve.
Eu estava. Juro.
… da noite para o dia!
Mas no dia seguinte ele teve a ideia de me adicionar no Facebook. E ao fim de cinco minutos, já tinha perdido tooooooooodo o interesse nele. E arrisco dizer que este é um problema geral dos homens: partilharem demasiado e não entenderem o que raio hão-de fazer com a câmara do telemóvel. O meu conselho? Não façam nada.
O mural dele tinha direito a tudo: fotos dos pés na praia, fotos das vistas, selfie no carro de manhã no trânsito, fotos da comida, check-in em restaurantes, fotos do seu jogging, frases inspiradoras/motivadoras e basicamente fotos de todos os momentos do dia dele. Se havia algo a acontecer no seu dia, lá estava uma foto escarrapachada no seu mural.
E por mais que tenha tentado ignorar este elefante cor-de-rosa, simplesmente não consegui. A sua vida virtual era absolutamente demais.
E porque noto uma enchente cada vez maior de homens a cá passarem, vou deixar alguns conselhos do que vocês fazem nas redes sociais e que nós, mulheres, odiamos. Ou reviramos os olhos e alteramos o vosso nome no nosso telefone para ‘chato do Facebook’. Sabem como é, para evitarmos atender por engano.
5 erros virtuais que os homens cometem
Tirarem demasiadas selfies. Se, nas mulheres, o conceito de selfie é parvo, nos homens torna-se simplesmente estúpido. A pose forçada com o telefone na mão, a expressão, as carinhas… Se acham que isso seduz, desculpem-me, mas acho que não. Não há nenhum motivo para tirarem uma selfie. A não ser, claro, que tenham passado pelo CR7 a descer a Avenida da Liberdade.
Partilharem tudo o que estão a fazer. A era das redes sociais tornou-nos seres cada vez mais sozinhos mas com uma necessidade cada vez maior de gritarmos ao mundo. Quanto mais silenciosos forem nas redes sociais, mais interessantes aos olhos de uma mulher. Partilhar o almoço, os pés na praia, as pulseiras do Urban Beach… é dispensável para homens com mais de 25 anos.
Descreverem as suas noitadas. Deixem-me que vos diga uma coisa: as mulheres procuram em tudo o que vocês fazem algum sinal que prove que são adultos e de confiança. Fotografias da noite anterior, dos copos de shots e do grupinho todo no Lux com as vossas t-shirts com decotes em V até meio do peito mostra exactamente tudo aquilo que nós não queremos.
Qualquer tipo de exposição de corpo. Não precisam de mostrar os vossos abdominais ao espelho do ginásio para que nós os consigamos ver. Acreditem, a última coisa que uma mulher está interessada em saber de vocês é se têm a barriga definida. As mulheres querem alguém que as faça rir e não alguém preocupado com os ângulos ao espelho e o filtro certo a usar.
Escreverem com erros ortográficos e 300 hashtags. Se não têm a certeza se a palavra está certa, não a escrevam. Se não têm o corrector automático, activem-no. E se não sabem o que dizer, não #encham a #fotografia com #trezentos hashtags do tipo #nopainnogain ou #sunset ou #fashionboy. A sério, não.
Estas são as cinco coisas que me fazem ter vontade de apagar imediatamente um tipo do Facebook. Se tiverem outras, deixem nos comentários para adicionar à lista.
Para quem gosta destes temas, já escrevi no Observador sobre os turn-off tecnológicos que cometemos na era das relações virtuais e o que as fotografias que colocamos nas redes sociais dizem de nós. A minha mensagem de hoje é simplesmente para pensarem melhor na vossa personalidade virtual – esta habilidade de partilharmos tudo instantaneamente faz com que os inícios das relações se tornem frágeis – conhecemos demasiado da outra pessoa de forma impessoal e rápida e também decidimos demasiado rápido que ela não é para nós. Exactamente o que aconteceu com este tipo – com muita pena minha, porque até era engraçado.
E isto levanta uma questão: onde estão os homens que não têm redes sociais? Digam-me que vou já lá marcar presença. Estarei de rosa branca ao peito, uma chávena de café à frente e um livro na mão.
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