Eu não sabia que esta espécie existia. Conheci um tipo que só sabe interagir com o mundo através das redes sociais. Então, o que ele mais gosta de fazer é… enviar-me mensagens, falar no chat do facebook durante horas e mais horas, no whatsapp, convidar-me para coisas hipotéticas que ambos sabemos que nunca vão acontecer. «Queres ir ao cinema?», perguntou-me no outro dia pelo facebook. «Sim, pode ser», disse-lhe. «Vou ver se há alguma coisa de que gostes. Já sei que gostas de filmes de época». hummmm eu disse-lhe que gostava de filmes de época, não significa necessariamente que só goste de ver isso. «Ok, mas não temos de ver exacatamente um único tipo de filme», respondi-lhe.
«O nosso primeiro encontro tem de ser perfeito».
Fomos ao cinema? Claro que não. Porquê? Porque ele não se sente (ainda) à vontade. Para ir ao cinema com uma pessoa que conhece há anos e com quem agora troca mensagens durante horas? Para se sentar ao meu lado numa cadeira? Nem tem que olhar para a minha cara porque vai estar a ver um filme. Tem medo do quê? De não ser tão hipster ao vivo como quer mostrar pelo telemóvel? Mas há mais. No outro dia estive em reportagem numa discoteca. Ele disse-me que os amigos iam lá passar. O que é que eu respondo a uma pessoa que me diz que os amigos vão estar no mesmo sítio que eu? Acabei por lhe dizer para vir. Era o mais lógico e, se os amigos iam lá estar, já não tinha a desculpa de não se sentir à vontade. Veio? Claro que não. Tinha de surfar no dia seguinte. Tinha de acordar cedo. Tinha sono. Tinha dúvidas. Tinha isto e tinha aquilo. Não sai à sexta, so ao sábado, e não sai para mais lado nenhum, só para o Lux, blá, bla, blá. Porra, que tipo mais tão chato e mais cheio de regras. E sim, passou a noite toda a mandar-me mensagens. Não me deixou em paz.
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