Estive quase para não escrever nada sobre este livro porque as opiniões são muito divergentes um pouco por todo o lado. Mas achei que, caso haja alguém em dúvida se vale a pena ler ou não, podia dar um parecer nesse aspecto. Se sempre leram os livros em português (como eu), fizeram muito bem em esperar pela edição traduzida porque há toda uma envolvência que segue o mesmo registo dos outros livros.
Lembro-me que, nos filmes (pelo menos, nos primeiros), a tradução das legendas não seguiu a tradução do livro. E havia nomes de personagens diferentes (Moody-Olho-Louco Versus Moody-Esgaziado ou algo do género) e fez-me bastante confusão não terem seguido os nomes convencionais em português. Senti-me quase insultada pelo cinema. E foi por isso que optei por esperar pela versão traduzida e não li praticamente nada na internet sobre a história em si para poder ser abismada pela leitura.
No Facebook, quando partilhei que estava a acabar a leitura e estava a AMAR, houve quem comentasse que este livro era apenas uma espécie de fanfiction que deixava muito a desejar. Mas – calma, pensem bem – tudo o que seja feito após o fim de uma saga literária, vai ser sempre comparado a fanfiction. Qualquer pessoa poderá imaginar o resto da vida das personagens e é essa a magia: todos nós podemos fazer isso e viver com o fim que escolhermos. Neste caso, esta parte da história veio da cabeça da autora, quase como se fosse ela a fazer esse próprio trabalho que os fans gostam de fazer. Obrigada, J.K.
Harry, nunca há uma resposta perfeita neste mundo confuso e emocional. A perfeição está fora do alcance da humanidade, fora do alcance da magia. E em cada momento de felicidade, existe uma gota de veneno: o conhecimento de que o sofrimento virá novamente. Sê honesto com aqueles que amas e mostra-lhes a tua dor. Sofrer é tão humano quanto respirar.
O facto de ser em peça de teatro só me incomodou nas primeiras cinco páginas. Entrei imediatamente dentro do universo da escrita em diálogos e era como se eu própria estivesse também a conversar com os personagens. Entramos quase 20 anos após o fim do último livro, todos eles têm filhos que estão, agora, em Hogwarts e eu achei que este livro fosse forçado – mais uma aventura do Potter contra Voldemort. Que raio iriam inventar agora para trazer Voldemort de volta? E fui completamente enganada – e apaixonei-me novamente.
A história em si está maravilhosamente bem construída e todos os factos que levam a esta nova aventura encaixam perfeitamente uns nos outros. Ao longo da narrativa, vamos lendo reminiscências de episódios que se passaram ao longo dos livros e a interpretação que as personagens lhes dão, agora, 20 anos depois. Há reviravoltas na relação com os Malfoy (eu amei, amei, amei!) e conseguimos perceber a dualidade em volta dos filhos do Harry com a Ginny: ser-se filho do herói e não seguir as pisadas do pai. Todas estas relações estão extremamente bem exploradas neste livro e emocionei-me bastante em várias partes da história.
Se ainda não leram e acham que isto tudo é uma grande palhaçada para fazer render o peixe e dar mais dinheiro à autora… bem, pode ser. Mas o trabalho foi muito bem feito e supera todas as expectativas.
O lado mau? Li o livro no fim-de-semana, em três dias, porque não conseguia parar de ler. Foi um mergulho bem fundo no universo Potter que acabou demasiado cedo e agora sinto um vazio.
Quero voltar para Hogwarts!
Harry Potter e a Criança Amaldiçoada de J.K.Rowling, Jack Thorne e John Tiffany, publicado por Editorial Presença. E txan, txan, txan está em desconto na Fnac online. Por isso, aproveitem.
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