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Foto do escritorHelena Magalhães

Fora com o velho, olá ao novo




Eu sou uma pessoa de letras e nunca o devia ter negado – quando decidi estudar Política Social e, mais tarde, Criminologia. Mas, porque a vida dá as voltas que tem de dar para nos levar onde temos de ir, tive de passar por todas essas experiências até ser de novo colocada no meu lugar: a escrever.

A obsessão com a escrita diária

Para mim, as agendas nunca foram um sinal de regresso à rotina ou ao trabalho, como talvez o sejam para a grande maioria das pessoas. Uma agenda era para mim uma página em branco. Aquele momento em que me sentava (e sento) a preencher a primeira página, a dar-me a conhecer àquele livro em branco com os dias do meu próximo ano, era como uma terapia. Uma forma de dizer: olá, eu sou a Helena, vais ter o prazer de me conhecer durante o resto do ano. E não pensem que escrevia os meus compromissos (os testes, as visitas de estudo, as datas para entregar um qualquer trabalho de grupo…) nas quatro linhas de cada quadradinho diário. A par com os meus diários, eu escrevia um resumo do meu dia na agenda. Era quase uma obsessão em guardar o mais importante de cada dia: uma emoção, um sorriso de algum rapaz, uma tristeza, uma preocupação.

E esta obsessão – ou uma vontade extrema de não me esquecer de nada, um medo atroz de ser esquecida que me tem acompanhado a vida toda – fez-me guardar praticamente todos os anos da minha vida. Há uma música que me está gravada na cabeça – a música do anúncio d’A Minha Agenda – que dava na televisão todos os natais. Podem vê-la aqui neste video para uma dose de nostalgia. E não me lembro de nenhum Natal da minha vida em que não tivesse recebido uma A Minha Agenda da minha mãe que acompanhou, ao longo dos anos, esta minha obsessão com a escrita pessoal. Não faço ideia se ainda existem à venda hoje em dia. Agora temos uma série de marcas a criar agendas modernas e a estimular a organização nas pessoas.

Agendas: porque nunca deixamos de ser adolescentes

Este ano – e pela primeira vez há muito tempo – optei por uma agenda de ano escolar, ao invés de uma agenda anual porque queria algo da Mr. Wonderful, que descobri na Fnac. Os anos vão passando por nós mas a verdade é que, cá dentro, nunca deixamos de ser adolescentes. Continuamos a querer cadernos coloridos que nos dêem vontade de escrever. Agora já não faço resumos dos meus dias – e muito menos escrevo sobre o Dino, (mais) um rapaz da escola por quem era apaixonada em 1998 e que marcou a agenda da Mafalda. Agora marco compromissos, datas de entregas de artigos, contactos importantes que não posso perder, trabalhos, entrevistas. E apesar de confiar no digital, gosto de ter tudo escrito à mão para ter a certeza absoluta de que nada falha.

Nota: a única coisa que falhava nesta agenda era não ter um marcador, o que me obrigava a ter de andar sempre à procura da semana em que estou. Resolvi isso, ao atar uma fitinha à primeira argola. FYI: custa 16,95€ (na Fnac ou no site).




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