Eu sou uma pessoa super organizada e acho que o meu signo nem deixa margem para dúvidas – virgem. Mas o que é que acontece com os meus livros? Eles estão organizados de uma forma que só eu sei, principalmente porque estão espalhados pela casa. Vamos começar pelo sítio principal – a minha estante por baixo da janela que criei com três móveis de televisão do Ikea e que ficam completamente à medida da minha parede. Sejam criativos na hora de criar os vossos espaços de leitura. Nesta estante de livros debaixo da janela estão organizados mais ou menos por temas: portugueses, clássicos, fantasia, romances, crimes e por aí fora, embora tenha muitos fora do sítio porque estou sempre a tirá-los e a arrumá-los e, a dada altura, já arrumo ao calhas. No quarto, estão os que vou ler nos próximos tempos (mas como estou sempre a alterar essa lista conforme o que vou comprando ou me vai chegando, fica difícil seguir uma ordem). Depois tenho vários montes espalhados pela sala e são, normalmente, os últimos que li. Debaixo do móvel da televisão, tenho três caixas da fruta com livros e, neste caso, são coisas antigas que trouxe da casa dos meus pais.
Claro que todos os meses digo a mim própria que é desta que vou organizar tudo mas o tempo voa e, enfim, este é um trabalho que ando a adiar. Assim, este é um post que serve tanto como dicas para vocês como para mim.
Como organizar uma biblioteca caseira
Acho que o mais óbvio é organizar por ordem alfabética de autores ou por tema. É a forma mais fácil de encontrar um livro no meio de centenas. No caso da ordem alfabética, para mim não funcionou porque estou sempre a adicionar novos livros. A dada altura, a prateleira do A (por exemplo) já estava cheia e tinha de tirar tuuuuudo novamente e voltar a arrumar. Mas esta é, sem dúvida, a forma mais fácil para quem tem aquelas bibliotecas enoooormes (o sonho!) com grandes prateleiras do chão ao tecto.
No caso da arrumação por temas, tem sido a que mais tenho usado e serve muito bem para quem, como eu, é um leitor eclético e tem uma grande variedade de livros dos mais variados temas: ficção, young adult, fantasia (vampiros, Harry Potter, etc), thrillers, policiais, auto-ajuda (confesso que tenho uns quantos mas não necessariamente porque os compro, recebo muita coisa que vou espreitando de tempos a tempos), romances, clássicos, portugueses, romances históricos e livros de histórias reais (escritos na primeira pessoa) são as categorias que mais tenho e é mais ou menos esta a minha organização.
Acho que o único contra é a dificuldade de catalogar alguns livros. Porque há, por exemplo, romances históricos que também são portugueses. Arruma-se na prateleira do romance ou na prateleira dos portugueses? Nestes casos, arrumo pela lógica principal. Se eu estiver à procura de, por exemplo, A Duquesa de Mântua de Joana Bouza Serrano ou do A Rainha Santa de Isabel Machado, o mais certo é ir directamente aos portugueses. Assim, arrumo nessa categoria. Se estiver à procura de Jane Austen, o mais certo é ir primeiro aos clássicos e não aos romances, assim, arrumo nessa categoria. Arrumo pela minha própria lógica do que é mais relevante na procura.
A disposição nas prateleiras
Há uma coisa que, juro-vos, me irrita particularmente muito: não haver uma espécie de lei que obrigue as editoras a imprimir as lombadas todas na mesma ordem. O que acontece é que, quando estou à procura de livros numa livraria, tenho de estar sempre a virar o pescoço porque uns têm as lombadas escritas para cima, outros escritas para baixo, uns para a esquerda, outros para a direita.
Em casa, arrumo tudo no mesmo sentido. Assim, se um livro tiver a lombada imprimida ao contrário, eu simplesmente arrumo-o virado ao contrário para, na prateleira, estarem todos no mesmo sentido.
Horizontal ou vertical? Como podem ver, eu misturo. Uns de pé, outros deitados. Mas com as lombadas sempre na mesma direcção.
Depois há quem arrume por cores para criar aquele efeito de arco-íris ou de degradé mas, honestamente, acho muito difícil e nada prático. Além disso, também acho difícil aqui em Portugal porque as nossas editoras são mais ou menos tradicionais nas capas e ainda domina muito a lombada escura ou multicor.
E – parece-me ser uma moda do Instagram – há quem vire todos os livros ao contrário e os arrume com as páginas para fora para ficar um degradé de branco e creme. Acho parvo mas cada um com a sua 🙂
As minhas sugestões para quem está a começar uma biblioteca caseira
Não temos que seguir apenas uma única lógica. Uma das coisas que tenho percebido com quem fala comigo é que nem toda a gente tem a “mania” de guardar livros. Muita gente compra um livro, lê e dá ou revende. Ainda assim, para quem está a montar a sua biblioteca e quer uma coisa mais modesta ou não tem assim tanto espaço, pode fazer uma combinação mais simples.
Numa prateleira, arrumar os que estão para ler – os recebidos, comprados recentemente, etc. Noutra prateleira, os favoritos ou os vossos clássicos. Aqueles que, talvez, queiram voltar a ler mais tarde ou aqueles que vos marcaram de alguma forma. E o que sobra podem arrumar em caixas, em armários, etc. A minha mãe, por exemplo, tem muitos livros de saúde, de cozinha e estão todos num armário da sala.
Quem tem poucas prateleiras e precisa de rentabilizar o espaço, podem arrumar os mais altos para trás e os mais pequenos à frente.
E a limpeza e a forma de cuidar…
Eu confesso que tenho uma obsessão enorme com pó e com limpezas no geral. Mas livros e pó não combina.
É preciso limpar as prateleiras porque os livros acumulam muuuuuito pó. Todas as semanas, passo o swiffer nas prateleiras e nos livros. E, uma vez por mês, tiro os livros todos e passo o aspirador (com a cabeça pequena que tem uma escovinha), tanto nas prateleiras como na parte da frente dos livros (nas páginas) para tentar puxar o máximo de pó que exista.
Mas há outra coisa a que pouca gente liga: a humidade. A humidade destrói os livros e a longo prazo (ok, muuuuito longo prazo) faz com que as páginas comecem todas a colar e o livro fique mais ou menos ondulado. Mas como compro muitos livros antigos, estes requerem até cuidados especiais porque, muitas vezes, já vêm maltratados. Coisas a saber:
Nunca colo os livros à parede ou ao fundo dos móveis. Deixo sempre um espaço para arejar;
Tenho pedaços de giz espalhados pelas prateleiras (atrás dos livros) porque o giz absorve a humidade e o bolor;
Arejo bastante a casa para deixar o ar circular;
Eu tenho uma estante de madeira crua na cozinha (podem ver aqui) mas nunca usem esse tipo de estantes para livros porque a madeira não tratada contribui para o aumento de humidade e, portanto, para estragar os livros.
Os livros também precisam de “respirar”. Não atafulhem prateleiras de livros, todos colados uns nos outros. O ideal será ter a prateleira de forma a que se consiga facilmente tirar e por um livro.
Evitar também o contacto directo com o sol porque pode entortar e queimar as capas.
Muitas lojas ainda têm o hábito de colar autocolantes (com o preço) nas capas. Tirem o autocolante depois de comprar. Com o passar do tempo, a cola fica permanentemente no livro e bye bye capa.
Não colem também livros velhotes com fita-cola. Isso vai fazer aumentar a acidez das páginas que se vão começar a desfazer ainda mais rapidamente. Mais vale procurar quem consiga re-encadernar novamente o livro.
Para quem arruma os livros na horizontal – como eu -, o melhor será estarem colocados em pirâmide: os maiores em baixo e os menores em cima. E nunca com pilhas muito grandes (como eu tenho, isto fez-me ver que tenho de mudar a minha arrumação) porque, com o tempo, os livros em baixo vão ficar como que “esmagados” e isso marca e estraga as páginas.
O ideal será, então, ter os livros sempre na vertical.
Um dia que tenha a minha própria casa (comprada e não alugada), tenho um sonho muito óbvio: ter uma parede do chão ao tecto com uma biblioteca feita à medida. Até lá, uma pessoa vai sonhando e criando o mais próximo do seu sonho 🙂
Para se irem inspirando, vão seguindo a minha hashtag no Instagram #hmbookgang 🙂
Comentários