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Foto do escritorHelena Magalhães

As estrelas porno do Instagram


Eu sei que lutámos para ter isto: a liberdade de fazermos o que quisermos com o nosso corpo. Mas será toda a exposição que se faz um grito de independência – eu faço o que quero! – ou uma pornografia gratuita mascarada de feminismo e com os propósitos errados?

Tornámo-nos nós uma geração de mulheres que vive de likes e comentários para se sentir sensual? Para se sentir apreciada? Valorizada? Admirada? Desejada?



A sociedade obriga as mulheres a expor-se?


Há milhões de fotografias semi-nuas de raparigas na internet – literalmente pornografia. E se elas estão lá é porque as mulheres querem que lá estejam. Se houvesse dinheiro suficiente no mundo para pagar a todas estas milhares de raparigas que posam e se colocam ao espelho a fotografar o seu corpo num registo pornográfico, esta seria uma indústria que, eventualmente, teria mais participantes do que adeptos. A verdade é que elas se expõem gratuitamente porque ninguém lhes está a pagar.

Então porque o fazem?

Todas estas fotografias são de raparigas estrangeiras mas podia ter colocado de portuguesas – tão ou mais pornográficas do que estas que aqui coloquei. Basta perder cinco minutos no Instagram para ver raparigas com pouco mais de vinte anos numa exposição gratuita em troca de likes. Para conseguirem o que querem, as mulheres têm de mostrar o que têm. E isto significa o quê? Que a sociedade as obriga a fotografar-se praticamente nuas ao espelho de casa para serem alguém?

Não, caramba.


Pornografia em troca de likes

Somos livres de fazer o que queremos, é verdade. Mas as estrelas porno são pagas para mostrar o corpo e entreter a audiência. Porque é que, agora, o queremos fazer gratuitamente em troca de um like de aprovação?

Eu também gosto de me sentir desejada, aprovada, admirada, valorizada e tantos outros adjectivos terminados em –ada, mas que mensagem estamos a passar ao nos expormos desta forma? Saio à noite e vejo mais corpo que no CMTV a partir das duas da manhã, rolo no meu Instagram e vejo mais nudez que na Playboy. E se falássemos em corpos reais e mensagens reais (como na página TheNakedDiaries), talvez pudéssemos abordar o tema numa perspectiva de auto-estima. Mas o que vemos são corpos cheios de efeitos, filtros e photoshop para atingir uma perfeição que suscite mais likes.

O que é que ganham com likes? nada!

Não há nada de errado em gostarmos de nós próprias, termos orgulho no nosso corpo e querermos gritar isso ao mundo mas um like numa fotografia não significa que aquela pessoa goste de nós. E é a isto que tudo se resume. 

E como já sei que alguém vai comentar: Mas a Sara Sampaio também aparece em lingerie. Meninas: a Sara Sampaio ganha milhares para aparecer assim. Tem toda uma equipa atrás dela a prepará-la para vender lingerie. Não o corpo. São duas coisas diferentes. E ela é paga por isso.

Além disso, ela não ensaia uma pose durante cinco minutos ao espelho, veste as suas cuecas Calvin Klein que comprou em saldos na internet, faz um beicinho com a boca, repete 50 vezes, perde meia hora a escolher a que está melhor, usa quatro aplicações para editar a foto e, então, coloca-a online. 

E o que é que vocês estão a fazer? A exporem-se gratuitamente. Vão ter visualizações? Sim. Likes? Sim. E o que é que isso significa? Nada.

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