Tenho estado a explorar há algum tempo o conceito “zero waste” que, enfim, não é fácil adoptar a 100% porque a verdade é que a nossa sociedade tem girado à volta do plástico de forma massiva até nas coisas mais básicas do dia-a-dia. E o plástico é barato. As opções biodegradáveis que já existem para muitas coisas nem sempre são acessíveis e não é fácil fazer a substituição imediata em tudo e ao mesmo tempo.
Por exemplo, ainda não fiz mudanças em tooooodas as coisas porque infelizmente ainda não consegui ajustar ao meu orçamento: nas escovas de dentes (uma escova ronda os 4€), nos cotonetes (uma caixa custa 2€ e eu gasto cerca de 2 caixas por mês devido à doença da Tita em que tenho que lhe limpar os ouvidos todas as manhãs e noites) ou nos desodorizantes (uma embalagem custa 7€).
Mas entre algumas das coisas que posso aconselhar ou, pelo menos, sensibilizar é para os cosméticos onde o desperdício é enorme, para os chás (que já alterei há alguns meses), para o uso de guardanapos de pano e os talheres e pratos descartáveis que normalmente compramos para festas de crianças ou para comer fora de casa – principalmente no verão e nas férias.
Coisas que já faço: não utilizo sacos de plástico nas compras, uso uma garrafa de vidro para água e raramente compro de plástico (só mesmo em situações extremas), compro chá a peso (podem ler tudo sobre isso neste post), deixei de comprar massivamente nas lojas de fast-fashion (também já falei sobre isso neste post e até alertei para o facto de lojas como Zara e H&M serem das marcas mais responsáveis pela poluição devastadora de ar e água nas fábricas na Ásia que despejam água tóxica diretamente nos rios), reutilizo frascos de vidro (por ex dos iogurtes) para as minhas plantas e, claro, faço reciclagem de quase tudo o que posso.
Mas há tanto mais que se pode fazer…
Costumava ter sempre em casa alguns acessórios descartáveis como copos, talheres, pratos e caixas para alguma necessidade. E agora, quando penso nisso, sinto-me tão tola por durante tanto tempo o ter feito. Porque já há opções biodegradáveis e que, ao contrário do que possamos pensar, não são nada caras e, na verdade, até são mais baratas que a versão de plástico.
No Jumbo, por exemplo, uma embalagem de pratos de plástico brancos básicos custa 1, 10€ e as versões infantis com desenhos chegam aos 4€. Uma embalagem de pratos biodegradáveis custa 99 cêntimos. Os talheres custam 79 cêntimos. E uma coisa que uso muito – caixas para quando vou buscar comida fora de casa – custam 1,79€. Até há paletinas de madeira ecológica (para o café por exemplo) a 59€ cêntimos uma embalagem de 50 unidades. Para palhinhas descartáveis têm a versão em cartão e não em plástico por 1,19€.
A nível de beleza, o céu é o limite. Porque já há tanta coisa. Já podem comprar marcas com desperdício zero, claro, e até mostrei algumas neste post quando falei de alguns projectos portugueses e sustentáveis.
Mas mesmo nas marcas grandes e internacionais, as mudanças também já se começam a sentir e há marcas que já estão um pouco mais à frente que outras. Se querem começar a mudar a vossa pegada ambiental, comecem então comprar marcas que já estejam a fazer a diferença.
Algumas que já uso e sobre as quais vou partilhar algumas informações relevantes:
A Davines tem uma filosofia de beleza sustentável e eco-embalagens e apoia a menor utilização possível de matérias-primas, o uso de materiais recicláveis e a utilização de embalagem única (sem caixa externa).
A Lush está entre as minhas favoritas e é líder neste mercado de beleza ética. 80% dos produtos sazonais da marca não tem embalagens e aqueles que precisam de algum tipo de recipiente (como champôs ou manteigas corporais) a marca tornou-os sólidos, pelo que são formulados com pouca ou nenhuma água. E naqueles que precisam efetivamente de embalagens, são todas recicladas e transformadas em novas embalagens que regressam à loja. Zero desperdício.
A Rituals também está a começar a ter uma política ecológica forte. Neste momento, a marca já tem recargas ecológicas para todos os cremes de corpo, cremes de dia, de noite, gel de mãos, sticks perfumadores e perfumes para o carro. Assim, ao invés de deitar o produto fora quando acabar, apenas tem de comprar a recarga e continuar a usar a mesma embalagem. O objetivo da marca até 2023 é ter embalagens 100% recicláveis.
A The Body Shop que também uso bastante está a acelerar o seu compromisso de ter fórmulas e embalagens mais sustentáveis: biodegradáveis, recicláveis, ambientalmente amigáveis e com mais ingredientes do comércio comunitário. Atualmente, 55% das embalagens já é livre de combustíveis fósseis (como o óleo usado para produzir a maioria dos plásticos e que não é renovável). E é também importante referir que muitas das embalagens já são “post-consumir recycled”, ou seja, embalagens que já foram recicladas e transformadas para outro uso.
Uma descoberta recente (depois de entrevistar a fundadora) foi a dos sabonetes Gamila. São 100% naturais, feitos à mão em Israel e vendem-se numa caixinha de cartão reciclado. O preço ronda os 20€ mas o sabonete dura uma eternidade e faz milagres na pele.
Tento sempre não ser extremista em nada. Gosto de pensar que faço a minha parte, dentro das minhas possibilidades. A médio prazo procuro tentar deixar de comprar escovas de dentes, cotonetes e desodorizantes e trocá-los para as suas versões biodegradáveis. Sugiro a loja online Alma Terra e a Mind The Trash que, até ver, parecem-me ser as que têm os preços mais acessíveis.
Escrevi em detalhe sobre este tema no Observador e podem ler aqui.
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