Hoje em dia penso seriamente que os livros mudam a nossa vida. Porque mudaram a minha. E continuam a mudar. Acho que não teria chegado a tanta coisa na vida se não tivesse sido (e sou) uma leitora compulsiva por querer saber mais, ler mais, conhecer mais. Os livros tornam-nos pessoas melhores, deixam-nos entrar na mente de pessoas que nunca vamos conhecer na vida, fazem-nos viajar e conhecer o mundo sem sairmos do nosso sofá e isto, meus leitores, é algo único e impagável. É um prazer quase gratuito e que podemos ter sozinhos connosco mesmos. Os livros ampliam a nossa mente, fazem-nos sentir menos sozinhos, menos estranhos, menos… diferentes? Mas este amor aos livros também nos torna, poderei dizer, um pouco loucos? Só quem ama tanto livros entende a luta que foi encontrar os móveis certos para acomodar os meus livros e que se encaixassem na minha sala e na forma como queria olhar para eles. Porque os livros também são parte da decoração.
Reuni uma série de coisas que só quem é um leitor absolutamente compulsivo vai entender. Claro que não fui eu que as inventei. Algumas são coisas que já li na internet e guardei porque me identifiquei, outras são coisas que me passam pela cabeça e obviamente não serei a única. Sintam-se livres para as retirar também para vocês.
Perder noção do tempo e do espaço e a coisa correr mal Sair na estação do comboio errada, perder o autocarro, estar numa sala de espera tão concentrada no livro e não ouvir chamar o meu nome. Já me aconteceu de tudo.
Prometer que não se vai gastar muito dinheiro mas… … toma lá 75€ em livros porque todos parecem absolutamente fundamentais. Ou com esta promoção vai ser difícil voltar a encontrar estes livros. Ou isto é uma colecção e apetece ler todos os cinco livros mesmo sem ter a certeza se vamos gostar do primeiro.
Começar um livro mas depois encontrar outro que também se quer ler já E quando dão por vocês estão a ler três ao mesmo tempo com pausas e intervalos para voltar atrás e lembrar onde tinham ficado porque, de repente, estamos na vida de três personagens diferentes.
Estar de ressaca e tristeza depois de acabar um livro E gostámos tanto que ainda estamos agarrados às personagens e não temos energia emocional para começar um novo porque ainda queremos viver mais um pouquinho as vivências do último.
Querer ter um clube do livro todos os meses Só para poder discutir com leitores iguais a nós todas as emoções, frustrações, dúvidas e as vidas dos livros sem ter a outra pessoa (que não vai fazer parte do clube) a dizer: mas é apenas um livro. Apenas? APENAS?
Ter emoções exageradas em público Como chorar no metro ou rir sozinha no café porque se está a ler e as emoções tomaram conta de nós. Não têm noção da quantidade de vezes que isto já me aconteceu.
Começar um livro porque toda a gente está a falar dele e odiar E isso já me aconteceu com imensos em que quase me sinto anormal por não estar a gostar de algo que meio mundo aclama.
Cheirar livros antigos Como quem cheira comida. Só para sentir aquele cheirinho tão característico.
Estar a ler um livro novo, quase a chegar ao fim e ao desenrolar da história e perceber que há uma sequela Nãããããão!!! É o que mais odeio, principalmente porque nem sempre são livros que me apetece continuar a ler. São prazeres pontuais. E chegar ao fim e não ter uma conclusão deixa-me quase ansiosa.
Já li isto em qualquer lado Aconteceu-me há pouco com Quando o Cuco Chama. Ao fim de quinze páginas pensei: já li isto em qualquer lado. E à medida que continuava a ler, não parava de ter “déjà vus” até perceber que, sim, já tinha lido o livro e não me lembrava. E continuei a ler, claro.
Vou ler só mais um capítulo e BAM!, são cinco da manhã Já me aconteceu mesmo estar a ler e começar a ouvir os pássaros na rua, olhar para o relógio e perceber que são seis e meia da manhã. E bem, está na hora de tomar o pequeno almoço e – felizmente porque não tenho um trabalho das nove às seis – dormir até à hora de almoço. Só mesmo para descansar e, quando acordar, poder continuar a ler.
Sentir-me deprimida porque nunca vou conseguir ler todos os livros do mundo Porque não há tempo suficiente, nem dinheiro suficiente nem vida suficiente. Enfim…
Levar sempre um livro na mala só para o caso Sempre. Nunca saio de casa sem um livro na mala e as dores de ombros e costas podem prová-lo.
Ver alguém a ler um livro que já lemos em público… … e querer meter conversa para perguntar o que está a achar e trocar ideias e impressões sobre as peripécias e ficarmos amigos para sempre porque amámos o mesmo livro.
Querer um livro e só encontrar a versão com a capa do filme Mas quem é que inventou a ideia das editoras lançarem livros com as capas dos filmes? Mas houve alguém que se lembrou um dia que os leitores iriam gostar mais das capas dos filmes? NÃO!
Ficar irritada com o fim de um livro E ter de discutir isso com alguém. Porque como é que a autora foi fazer reste final tão estúpido e sem sentido nenhum?
Ou ir ler comentários ao Goodreads Só para poder ler exactamente aquilo que estamos a pensar e gritar para o livro: Toma, não sou a única a achar este final idiota!
Ter várias versões e edições do mesmo livro Guilty. Como não ter? Amor e Preconceito, Jane Eyre, Monte dos Vendavais… tenho vários, de várias edições e anos e editoras porque sim. Porque amor é amor e não se explica.
Quando me oferecem um marcador de livros porque sabem que amo livros Obrigada pelo presente personalizado e a pensar em mim mas tenho uns cinquenta marcadores. Se não souberem que livro me oferecer, prefiro um cartão-oferta da Fnac ou assim para comprar ao meu gosto.
Querer ir ao cinema ver a adaptação de um livro mesmo sabendo que vamos odiar Há poucos livros cujos filmes não me deixaram irritada com a versão idiota que fazem deles. Ou com personagens que são totalmente diferentes do que imaginava. Ainda assim, não consigo evitar não querer ver os filmes só mesmo para poder dizer: sim, o livro é muito melhor.
Respirar fundo antes de responder à pergunta estúpida: qual o teu livro favorito? A sério que acham que tenho um livro favorito? Mas há alguém neste mundo que tenha um único livro favorito? Apenas um no meio de centenas de milhares de opções?
Acabar um livro e ganhar consciência que vivo na vida real E a vida real não é a vida do livro e eu queria viver eternamente lá.
Que merda! A vida é injusta.
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