No dia 1, cheguei ao escritório na Avenida da Liberdade às 9h da manhã em ponto, como o Dr. Satanás me disse para fazer. A recepcionista (que depois soube que se chamava Maria) abriu-me a porta de sobrolho franzido e disse-me bom dia. Ficámos as duas a olhar uma para a outra sem saber muito bem como agir (pelo menos, eu) até que ela me disse que me iria mostrar o escritório. Dei a volta ao aquário, espreitei as salas todas e percebi que aquilo que me parecia um espaço amplo no fim era, na verdade, um open space onde toda a redacção trabalhava.
– Hmmm, acho que ninguém vai chegar tão cedo – disse-me – senta-te onde quiseres até alguém aparecer. – Como assim? – questionei, olhando para o relógio – são nove e um quarto. – Pois… – ela olhou em volta e cruzou os braços – vais habituar-te com o tempo. Ninguém chega a horas.
Sentei-me num lugar que me parecia vazio e esperei…
… uma eternidade.
A primeira pessoa a aparecer chegou quase as onze da manhã, olhou para mim como se eu não estivesse ali e foi sentar-se no seu lugar. Mais tarde viria a perceber que a equipa estava tão habituada a ver pessoas a entrar e a sair que basicamente pouco reparavam em alguém novo. Mais pessoas começaram a chegar e todos olhavam para mim, uns acenavam com a cabeça, outros sorriam mas ninguém falou comigo. Ninguém me questionou quem era. Ninguém teve sequer a amabilidade de me indicar um local para sentar. Eu era apenas mais uma miúda nova. Caí ali de para-quedas e não sabia o que fazer. Estava encostada a uma parede no centro do open space a olhar para todo o lado, a observador as pessoas e a pensar se falava com alguém, se esperava pelo Dr. Satanás ou se, sei lá, me ia embora. Duvido que alguém reparasse. A rapariga que, no dia da entrevista, me tinha dito que íamos ser colegas, Carlota, entretanto chegou e, quando me viu, veio, finalmente, ter comigo.
– Que bom que já cá estás, estou farta de estar sozinha – disse-me, espreguiçando-se. – Onde me vou sentar? – perguntei – o Dr. Satanás disse que estaria cá às nove para me apresentar a toda a gente e explicar tudo. Carlota ficou a olhar para mim e mandou uma gargalhada. – Com o tempo vais perceber que ele nunca aparece cá às nove. Se chegar às seis da tarde já é muito bom. Fiquei a olhar para ela sem saber muito bem o que dizer. O que raio estava a fazer ali? Acabei por ser apresentada às pessoas e pouco a pouco, embora tenha passado o dia todo sem nada para fazer, lá me fui enturmando dentro do possível, dado que era o meu primeiro – ou único – dia. Irina, a assistente da direção, acabou por vir ter comigo e disse-me que o Dr. Satanás me tinha dito para ler revistas antigas e começar a fazer uma agenda para o próximo mês. Fixe. Ou não.
Eis o que soube nesse dia: toda a gente achava aquela empresa um inferno. Falaram-me da direção, do bullying, das horas de trabalho hiper-extraordinárias (não pagas), da mulher do diretor desaparecida e da namorada-barra-amante que trabalhava no departamento de marketing e, tal como ele, também só chegava às seis da tarde para infernizar as miúdas do marketing. Ali não se vivia uma democracia tampouco um trabalho normal. Era a lei da ditadura, do nazismo ou, como elas diziam, a lei do satanás. Ali não havia espaço para falhas. Falaram-me do livro das apostas onde se tentava bater recordes com novos funcionários a chegar e a despedir-se três horas depois. Comigo tinham apostado que me iria embora no final da manhã. Mas, afinal, fiquei. Havia sempre um fantasma a pairar. Toda a gente conhecia a forma como aqui se trabalhava e num país pequeno onde os média convivem na mesma esfera, garantiram-me que em todo o lado se falava, criticava e discutia a nossa forma de trabalhar. Para toda a gente, éramos fantoches nas mãos do Dr. Satanás. “Se aguentares aqui seis meses, acredita, tens lugar garantido noutro lado qualquer”, disse-me uma miúda da moda cujo nome nem sequer me lembro porque, no final do mês, viria a ser despedida sem mais nem menos. Mas esta história fica para a próxima semana.
Pouco passava das seis da tarde quando o Dr. Satanás apareceu e, como se nem se lembrasse que eu ali estava, olhou para mim e disse: “Ah! Já chegaste!”. Bem… feitas as contas, já lá estava há nove horas – a porra de nove horas! E depois de cirandar por ali a fazer sei lá o quê, chamou-me ao seu gabinete – o mesmo onde tinha tido a entrevista e que, desta vez, acumulava ainda mais sacos e caixotes no canto em género de pirâmide de lixo. Deu-me uma hora e meia de monólogo comigo a olhar discretamente para o relógio e a ver as horas passar e a desejar ir-me embora. “Estamos no topo da cadeia”, disse-me. “Somos a melhor revista, tudo o resto é uma merda e só os melhores trabalham aqui”. Talvez esta fosse a sua forma pouco ortodoxa de me motivar. E continuou. Disse-me que enquanto o país caminhava para um buraco, nós cultivávamos o sonho, éramos lidos por milhares de mulheres portuguesas e todas aspiravam à nossa vida. Falávamos de tendências, tínhamos acesso às maiores novidades da moda e da cosmética, íamos às melhores festas, aos principais desfiles e ia passar a ter uma vida de sonho se soubesse trabalhar. Éramos nós que criávamos a história, disse-me ele no alto do seu pedestal imaginário. Escolhemos os produtos, as marcas e as tendências que vão vender em Portugal. E as portuguesas compram o que nós sugerimos. Temos o poder de lançar ou acabar com qualquer marca ou produto e quem for contra nós pode ter a certeza que vai cair em falência. “Uma marca que eu rejeite vai ter um suicídio em Portugal“, disse-me a dada altura. Tive de me controlar para não me rir porque, sei lá, achava esta conversa completamente estúpida. “Aqui gere-se milhões, sabes? Todos vendem a alma ao diabo pela melhor oferta. E nós somos a melhor oferta para todas as marcas em Portugal”, concluiu. A certeza, deveria eu ter naquele momento, era que a vida me tinha bafejado com um sopro de sorte quando ele me escolheu. Quando finalmente me libertou eram oito e meia da noite, o escritório estava vazio e fiz o meu walk of shame pelo corredor. À saída vi uma cabeça a olhar para mim dentro de um gabinete. Só podia ser a Vera AKA namorada-barra-amante dos dentinhos de rato. E, sim, tinha dentes de rato. Ri-me sozinha a descer a escada.
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O primeiro mês passou a voar. E rapidamente percebi que todo o peixe que ele me tinha vendido não passavam de tretas. Ninguém ia a festas, ninguém ia a desfiles do raio que o parta, ninguém tinha acesso a nada porque tudo, tudo, tudo era vetado por ele. A ditadura dele consistia em ter uma equipa sentada em frente a um computador dez horas por dia. Agora percebia porque razão ele acumulava uma pirâmide de lixo no seu gabinete – todos os press releases que chegavam para as jornalistas eram imediatamente colocados no seu gabinete. Quem ousasse sequer tocar num creme ou na merda de um batom, estava despedida. Havia uma miúda que escrevia sobre beleza e perguntei-lhe como é que ela trabalhava se nem sequer podia olhar para as coisas. “Ele dá-me os documentos com a informação para eu ler”, disse-me. Quão triste era alguém tentar incentivar as mulheres a comprar batons que nem sequer poderia experimentar. Percebi também porque razão o chamavam de Dr. Satanás: tinha uma postura imponente, diabólica e não era preciso sequer abrir a boca para as pessoas começarem a suar. Ninguém queria ser alvo da sua atenção. Dizia o que queria, quando queria e não tinha sequer consciência das coisas que lhe saíam pela boca. Toda a gente tentava passar despercebida e percebi que era melhor ser ignorada por ele do que ouvir alguns dos seus gritos cem decibéis acima do normal. Um dia em que acabei por ficar até quase às nove da noite porque ele tinha ficado de me entregar umas correções, arrastei-me pelo corredor de um lado para o outro com a Vera namorada-barra-amante (prometo que vou parar de a chamar assim) sempre de antenas no ar a olhar para mim. Quando finalmente ele se dignou a abrir a porta e a dizer-me para entrar, eram oito da noite, estava impaciente e apetecia-me dar um pontapé na mesa e partir aquilo tudo. Mas fiquei sentada bem direita quase a tentar respirar de forma inaudível para que ele não se distraísse e simplesmente despachasse o que precisava de me dar. Havia uma senha para abrir e fechar a porta de vidro dos escritórios que separava o corredor do lobby onde a recepcionista Maria ficava. Essa porta estava praticamente sempre fechada como se ela fosse de outra liga do jardim zoológico e não pudesse respirar o mesmo ar que nós. Nesse dia, a porta simplesmente não abria por mais vezes que inserisse o código e pressionasse a porcaria do botão (e a Maria, coitada, já se tinha ido embora). Estava a ver a Vera a olhar para mim do outro lado do vidro do seu gabinete e acabei por a chamar. Ela fez o mesmo que ele: ficou a olhar para o computador, como se eu fosse simplesmente invisível e depois do que ela deve ter achado ser o tempo suficiente para me gozar, levantou os olhos para mim e fez um olhar como quem me questiona porque razão a incomodei.
– Creio que ainda não descobri o truque para abrir a porta – disse, quase implorando para que me ajudasse porque só me queria ir embora daquela merda de escritório.
– Mete o código e carrega no botão – bufou, voltando a ignorar-me e a olhar para o computador.
– Já inseri o código mas continua sem abrir – insisti, fingindo não perceber o seu tom de voz idiota.
– Há alguma dificuldade em abrir uma porta? – perguntou, revirando os olhos como se eu fosse a pessoa mais burra à face da terra – Car-re-ga no bo-tão? – continuou, dando ênfase a cada sílaba, não fosse dar-se o caso de eu não compreender correctamente as indicações.
Agora percebia porque toda a gente a odiava. E porque os ratos são, regra geral, animais repugnantes.
Na última semana do mês, começou-se a preparar o fecho da edição mas não conseguia sequer perceber como é que isso se ia processar se o Satanás não aparecia, pouco ou nada metia lá os pés, dava-nos recados pela Vera cara de rato ou pela sua assistente Irina que nos contava histórias que até teriam piada se não fossem tão tristes (“Ele ligou-me ontem às dez da noite, acreditam? Estava a ouvir um barulho vindo do frigorifico e estava preocupado que pudesse explodir. Obrigou-me a ir lá. Sabem o que era? O barulho do motor, tipo, o barulho normal do frigorifico que, ontem, ele decidiu lembrar-se que o estava a assustar“, disse-nos ela uma manhã) e estava basicamente tudo por terminar. E comecei a panicar, não digo que não. Mas nem tudo era assim tão drástico, calma. Não éramos propriamente infelizes. Costuma dizer-se que em ambientes oprimidos, as pessoas tendem a unir-se e era literalmente o que acontecia ali. Éramos quase como família e até eu, ao fim de menos de um mês, já me sentia parte da mobília. Fora os gritos, as ofensas e as palermices que saíam da boca dele, as pessoas ali também se divertiam porque – graças a Deus – ele raramente lá estava durante o dia. A equipa era pequena – pouco mais de 20 pessoas – e estava dividida por gabinetes dentro do aquário. No open space funcionava a redacção que estava dividida entre a Carlota que fazia basicamente tudo e as jornalistas de moda e decoração que tinham segmentos à parte dos da Carlota – que escrevia tudo o resto. Pelo menos até eu chegar. Falo-vos delas na próxima semana. Numa sala de frente para a redacção encontravam-se as designers e, ao lado, a equipa da contabilidade onde trabalhavam 3 tipos mais velhos. Havia o Arnaldo que tinha tido um acidente de carro e tinha ficado em coma um mês e, quando acordou, não tinha ficado a bater muito bem da cabeça mas o Satanás, talvez num momento de peso na consciência porque, sei lá, todos podemos ter um acidente, deixou-o regressar e colocou grande parte do trabalho dele em cima do Rui que, coitado, passava o dia a bufar nas costas dele e a correr para o seu gabinete quando ele chegava para se mostrar eficiente. Havia ainda um tipo musculado, o Carlitos, que passava metade do dia a falar connosco na redacção. Do outro lado do corredor, encontrava-se a equipa de marketing, a comercial, a Irina (num gabinete à parte e de frente para o do Satanás) e a Maria – do outro lado da porta sempre fechada e impossibilitada de falar com quem quer que fosse. Os únicos homens aqui eram mesmo os tipos da contabilidade e o director comercial – como se mexer em dinheiro fosse demasiado exigente para nós, mulheres.
Sexta-feira ao final do dia, e com tudo basicamente por terminar, percebi finalmente o que elas se referiam ao ter de se trabalhar pela noite dentro. Tinha de ir tudo para a gráfica até segunda-feira de manhã e estava tudo por aprovar. Vou tentar explicar a logística da coisa para quem não entende muito bem como se processam estas coisas: nós – as jornalistas – escrevemos os artigos que são enviados por email para o Satanás editar e aprovar (porque não, não existe uma editora/revisora. Não me perguntem porquê). Ele edita e envia-nos de volta com as suas correcções. Depois de alterarmos o que ele quer (e rezar para que não nos mande reescrever artigos), enviamos tudo para o design paginar. Depois de paginado, o design imprime e entrega-nos as folhas para lermos, corrigirmos e passarmos para ele fazer a sua leitura e aprovar as nossas correcções. Por fim, o design volta a paginar com as novas correcções e nós fazemos a última leitura para ter a certeza que está tudo bem. Só aí, essas páginas têm o ok final para ir para a gráfica. Percebi que era exactamente isto que iríamos fazer sexta-feira pela noite dentro. Com a revista… toda.
E sim, agora estava literalmente a panicar.
Nessa sexta, o Satanás não apareceu. Ficou no hotel ao lado da redacção. Devemos ter doenças contagiosas e ele não quer estar fechado no mesmo espaço que nós. Começámos a fazer as correcções e a Vera cara de rato andava basicamente entre a redacção e o hotel a levar folhas e a trazer. Pelas 4h da manhã, o Satanás concluiu que estava cansado e disse-nos para voltarmos no dia seguinte pelas 11h. Comecei a fazer contas à vida. Estava ali desde as 9h da manhã e saí às 4h, ou seja, trabalhei 19 horas seguidas. E sete horas depois, tinha que estar de volta para continuar a fazer coisas que poderiam ter sido feitas durante o mês, caso ele tivesse o bom senso de trabalhar como qualquer pessoa normal e os artigos estivessem a ser paginados ao longo do mês, à medida que o trabalho fosse estando feito. Com o tempo que ia demorar a chegar a casa, tomar banho, meter-me na cama, ia dormir menos de cinco horas. Mas que merda?
Sábado de manhã, às 11h, começou toda a gente a chegar. Parecíamos cadáveres autênticos. Eu, então, quase nem conseguia ter os olhos abertos. E passámos basicamente grande parte do dia a engonhar e a tentar fazer o pouco que podíamos sem ele chegar. O cabrão deu o primeiro sinal de vida pelas seis da tarde… pelo telefone. O trabalho lá prosseguiu a passo de caracol. Tive tempo para ver três episódios de Shameless durante o dia. Nessa noite, ele ficou em casa a mandar-nos recados pelo email e pela estafeta Vera cara de rato que lá ia aparecendo com as correcções dele aprovadas. Tínhamos a música aos altos berros na redacção – para ninguém adormecer – e toda a gente tinha os pés em cima da mesa e acabava por se render ao sono durante os longos momentos em que esperávamos que ele desse os OK. Pelas seis da manhã, ele deixou de responder aos emails e de atender os telefonemas. A vera cara de rato idem.
Sete…
Oito…
Nove…
Eram nove e meia da manhã de domingo quando decidi basicamente ir-me embora. Estava quase a entrar em coma de sono e ninguém sabia o que fazer. Faltavam fechar quatro ou cinco páginas e ele simplesmente não dava sinal de vida. Na altura, pensei mesmo que se ele tivesse morrido era um favor que fazia a toda a gente. Mandei tudo ao ar e fui para casa.
Quando acordei, às quatro da tarde, tinha uma mensagem da Carlota a dizer que ele tinha telefonado às 11h da manhã porque tinha adormecido. Deu o OK das páginas que faltavam que foram paginadas e colocadas no ficheiro que iria, então, para a gráfica. E – até tremi – tinha perguntado por mim. Confesso que até me ri porque estava de tal forma descompensada com o cansaço e a brutalidade física e emocional do fim-de-semana que pensei que se me despedisse eu até agradecia. Talvez agora fosse, finalmente, conhecer a versão diabólica do Satanás de que toda a gente falava. Ele é um homem zangado com o mundo – eu já tinha concluído isso. E odeia todos os seres vivos existentes. Talvez nós fossemos os que ele odiasse menos – porque trabalhávamos para ele – mas também éramos os que ele achava mais incompetentes. Nunca nada estava suficientemente bom. Toda a gente levava com gritos diários ao telefone, emails com insultos e mensagens ofensivas. Até ver, ainda não tinha levado com nada. Também estava a tentar passar mais ou menos despercebida. Toda a gente ali era rebaixada ao nível de insectos se ele assim o desejasse ou se acordasse com os pés de fora. Éramos todos meros trabalhadores que pediam uma esmola todos os meses pelo trabalho miserável que fazíamos por aquela revista. E ele estava sempre a lembrar-nos disso. Percebi, neste primeiro mês, que aquele discurso do “só os melhores trabalham aqui”, era conversa de treta para me embelezar as vistas. Porque, na verdade, éramos todos atrasados mentais. E se calhar até somos… para aceitarmos isto.
Abri o meu email à espera do veredicto mas, afinal, só tinha um dele às 11h da manhã a pedir desculpa pelo que tinha acontecido mas a lembrar-me que tal não poderia voltar a acontecer (não ele adormecer, claro. Era mais eu ir-me embora depois de estar a trabalhar há 22 horas. Ao fim-de-semana. Tantos crimes num só email). Se eu não tinha capacidade para trabalhar, seria dispensada e acabava esta minha brincadeira aos jornalistas. Mais tarde soube que tinham todos apostado em como eu seria despedida por me ter ido embora.
No momento, apeteceu-me responder com três ou quatro asneiras. Dizer-lhe que era um criminoso sem qualquer sensibilidade para gerir pessoas. Que o que tinha feito era uma total falta de respeito para com uma equipa a trabalhar de forma contínua desde sexta-feira por culpa dele. Que ninguém conseguia ser produtivo sem dormir. Que aquilo era um inferno autêntico. E que ele vendia uma revista cheia de sonhos quando, por trás, não praticava nada daquilo que apregoava.
– Estava demasiado cansada por ter sido a primeira vez. Não se volta a repetir. Obrigada pela confiança – respondi.
E decidi que iria ficar naquele manicómio, pelo menos, o tempo suficiente para sair de lá com um currículo que me desse uma entrada directa para o jornalismo sério. Porque brincadeira… brincadeira é esta revista de merda.
E ele nem se apercebe disso.
26 mil Horas Sem Matar o Patrão é uma crónica life-fiction que retrata o dia-a-dia numa revista. Toda e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Todas as segundas-feiras irá sair um novo capítulo.
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