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Foto do escritorHelena Magalhães

2 novas leituras com girl power (para acrescentar à lista de verão)


Os últimos dois livros que li foram A Rapariga Mais Sortuda do Mundo de Jessica Knoll e Belgravia de Julian Fellowes. Foram livros que comecei sem qualquer informação prévia (como costumo fazer muitas vezes) e que, caramba, me arrebataram por completo. E eu sei que sou uma leitora maria-vai-com-todos e me deixo arrebatar mil vezes mas, bem, não é mesmo para isso que os livros servem?


A Rapariga Mais Sortuda do Mundo

Deixem-me já, antes de mais, dizer que comecei a ler este livro com uma certa inveja (saudável). Jessica Knoll trabalhou em revistas femininas (como eu) até escrever o seu primeiro livro (como eu) e que já está a ser adaptado para cinema (percebem agora a inveja? Mas é saudável… ). E numa fase inicial da leitura, não me identifiquei minimamente com a personagem principal e cheguei a desdenhar do livro. É uma personagem fútil, maldosa, que só fala de dinheiro, roupas, marcas, dietas e cujas maiores preocupações na vida são comprar a mala X e fazer a dieta Y. As primeiras, sei lá, 100 páginas, li numa compulsão negativa em que, a cada página que lia, gozava cada vez mais com o livro. Claro que isto foi propositado pela autora e eu devia ter pensado nisso.

É genial a forma como Jessica Knoll construiu uma personagem aparentemente vazia e, à medida que a história avança, percebemos que é tudo uma fachada. Quando mergulhamos realmente no livro, deixamos de a odiar para, na verdade, torcermos por um desfecho positivo. É um livro com uma carga emocional enorme e um thriller psicológico muito bem construído. Só quando estava a pesquisar sobre ela para escrever este post é que percebi que, afinal, a autora sobreviveu, aos 15 anos, a uma violação em grupo e, para não avançar com spoillers, é nisso que foi inspirado este livro. Além disso, é um daqueles livros em que a autora nos está sempre a conduzir pelo passado e pelo presente sem nos dar sequer a mão, sem nos preparar para as revelações que vão começando a saltar e que nos deixam absolutamente absortos na leitura. Claro que pelo meio há um amor mal resolvido que, no final, também nos surpreende… à la Diz-lhe Que Não.

Belgravia

Eu fui uma entusiasta do Downton Abbey e, como já disse mil vezes, adoro romances, séries e filmes históricos. Então, quando me caiu Belgravia em casa, do mesmo criador, li tudo de rajada em três ou quatro dias. Não fiquei desiludida – nada disso – mas, no final, fiquei apenas a sentir que gostava que o livro tivesse explorado muito mais o universo dos empregados (como Downton Abbey) mas, ainda assim, é absolutamente delicioso. É uma história de três famílias envoltas num segredo que se nos é desvendado ao longo das páginas. Além disso, Julian Fellowes tem uma capacidade incrível de descrever todos os elementos que nos conseguem transportar visualmente para este universo: os conflitos entre classes, os casamentos arranjados, as casas senhoriais, os segredos, as traições, as amantes, as festas e todos os detalhes da vida no séc XIX que qualquer amante de aventuras históricas vai gostar.

Mas há mais: todas as personagens são-nos apresentadas detalhadamente e conseguimos sentir exactamente tudo o que elas pensam e vivem, quase como se o leitor fosse transportado para os conflitos da trama e pudesse, de alguma forma, opinar sobre o que se está a passar. Achei também inteligente a forma como o autor, ele próprio, opina sobre o caracter das personagens, quase como se nos estivesse a passar essas informações – caso nos escapassem.

E onde é que entra o girl power?

Agora, perguntam-se, vocês: porque é que disse que eram duas leituras com Girl Power? Porque, em ambos os livros, as personagens femininas são as que mais se transformam aos nossos olhos. Embora os homens tenham um papel dominante, são as mulheres que conduzem as histórias, que resolvem as tramas e acabam por comandar toda a narrativa.

E são exemplos que, no final do dia, acabam por ser inspiradores e mensageiros de empowerment para qualquer leitor.

A Rapariga Mais Sortuda do Mundo de Jessica Knoll e Belgravia de Julian Fellowes, ambos de Editorial Presença.

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