Se leram o título e já estão a pensar que só podia estar insana quando me atirei para um mestrado em relações (será que isso existe? Não me parece…), o que quero dizer é que ao longo de 15 anos, acho que já adquiri conhecimento suficiente (ou, pelo menos, razoável) para poder opinar sobre este tema. Daqui a uns 10 anos, talvez atinja o doutoramento.
E adorava que, quando tinha 20 anos, alguém me tivesse dito estas coisas. Lembrem-se que, em 2005, o Facebook estava a dar os seus primeiros passos, eu estava no meu primeiro ano de faculdade, a única ferramenta para conhecer pessoas fora do meu círculo era através do Hi5 (uma espécie de Facebook mas muito manhoso), o Fotolog era o homo neanderthal dos blogues (e eu tinha um, é claro. Já apaguei praticamente todas as fotografias mas podem cuscar o meu eu de 20 anos aqui a assassinar a língua portuguesa), as discotecas de Lisboa eram o ABS (hoje, o Place), o Loft (hoje, não sei se está aberta) e a Kapital (hoje, o Main), e os rapazes davam toques para o telemóvel como sinal de que, sei lá, estavam a pensar em nós (e não significa que tínhamos de ligar de volta, era apenas um toque, e respondíamos com um toque de volta. Romântico, não? Pelo menos era melhor do que uma fotografia da pila deles do nosso telemóvel).
E, chegada aos 30 anos (não, 31. Ainda me esqueço que já tenho os – e um!), há 10 coisas que aprendi. A ferros é verdade – e com o coração partido várias vezes – mas aprendi.
1. Não temos que nos preocupar com as outras
A sério, não percam tempo a comparar-se com outras mulheres. A ver as fotografias delas, a tentarem ser como elas ou a tentar afastá-las de algum tipo. Gostava de voltar atrás e dizer isto ao meu eu de 20 anos: é uma perda absurda de energia. Quando um homem gosta, até pode aparecer a Scarlett Johansson que ele vai, simplesmente, continuar a gostar de vocês.
2. Lutar pela razão é a luta errada
Se um tipo está constantemente a lutar por ter a razão em tudo, desculpem, mas alimentar o seu ego é mais importante do que alimentar a relação. Numa relação equilibrada, um tem razão numas coisas, outro tem razão noutras. E o que é que é mais importante? Estar certo ou estar feliz?
3. Se um tipo quer estar convosco, ele vai mostrá-lo
Não têm a noção da quantidade de vezes que fui para o Jezebel ou para a Kapital atrás de tipos para tentar cruzar-me “acidentalmente” com eles. Para os poder ver, para ir ter onde eles estivessem, para que gostassem de mim. E para quê? Se eles quisessem realmente estar comigo, eu não teria de andar a correr atrás deles.
4. Não há trabalho, sono ou gripe que impeça um tipo de vos ver
Uma vez, um tipo veio trazer-me uma caixa de gelado porque sabia que eu estava doente. Eu não tive de lhe pedir, ele simplesmente apareceu. Porque me queria ver. Porque queria que eu soubesse que ele se preocupava. Se um homem está demasiado cansado, ou tem demasiado trabalho, ou demasiadas desculpas para vos dar, acreditem, são mesmo desculpas.
5. Os opostos não se atraem
E eu tive de passar muitos serões no meio de charros, tive de passar férias a acampar, tive de sair muitas vezes para o Lux para perceber que prefiro estar com alguém que goste de cinema e de falar e comentar o filme (durante o filme, claro), alguém que goste de noites no sofá, alguém que goste de museus ao domingo seguidos de brunch num sítio qualquer, alguém que não se chateie por ficar a ler uma hora na cama. Nunca fui feliz em todas as relações em que tive de mudar literalmente a pessoa que eu era para me adaptar às pessoas que eles eram.
6. Se o que é importante para vocês não for importante para ele…
Uma vez viajei com os meus animais no carro e, a meio da viagem – em pleno Agosto – um tipo quis parar o carro para ir ver um castelo por que passámos. Eu disse que não queria deixar os animais no carro porque estava imenso calor e isso despontou toda uma discussão sobre o quanto eu era egoísta e aborrecida por nunca querer fazer nada fora da caixa. Se um tipo não acha os vossos animais importantes… nada da vossa vida lhe vai interessar. Hoje em dia, se um homem não gostar do Eddy ou da Tita (AKA os meus filhos felinos) está imediatamente fora da minha vida.
7. Não dependam demasiado das telecomunicações
Estas novas formas de nos relacionarmos são imprevisíveis mas também exaustivas. Não têm de enviar mensagens todos os dias. Não têm de se telefonar cinco vezes ao dia. Não têm de mandar cinco corações no fim de cada mensagem. Andei a sair com um tipo que passava o dia a mandar-me mensagens e, a dada altura, gostava mais da companhia das mensagens dele ao longo do dia do que da companhia dele propriamente dita. Porque ele falava tanto por mensagens que, pessoalmente, já não tinha grande coisa para dizer. E acabei por me aborrecer com a sua presença virtual a toda a hora.
8. Se ele está confuso… não gosta de vocês
Não se deixem ficar na prateleira de um tipo que está a pensar se quer estar convosco ou não. Isso significa, em grande parte dos casos, que ele tem outra pessoa e está a ver qual lhe convém mais. Yep, eu já estive na prateleira e demorei muito tempo a perceber isso. Quando um homem gosta, porra, ele até vai fazer aquela cena estúpida do “Love Actually” com os cartazes à porta da casa da Keira Knightley.
9. Uma relação não é a resolução de todos os nossos problemas
Isso significa que não podem depender de um tipo para tudo. Se querem ir ao cinema, vão. Se querem ver um concerto que ele não, vão. Se querem ir a uma festa e ele não, vão com os vossos amigos. Não se tornem siameses numa relação e não procurem que a outra pessoa preencha toda a vossa vida.
10. Não esqueçam o positivo para se focarem no negativo
Não percam demasiado tempo a discutir por coisas que não aconteceram – apreciem as que realmente acontecem e que são boas. Nos últimos anos tive muitas discussões sem sentido que criaram rancores e mal-estar apenas porque me focava nas coisas negativas. E nenhuma relação sobrevive assim. No outro dia, disse a uma amiga (que tinha discutido com o namorado porque ele estava fora e não lhe tinha telefonado) que ela estava a dar demasiado importância a uma coisa sem relevância. Ele tinha enviado uma mensagem, estava vivo – e isso era o importante – e discutir porque não telefonou a desejar boa noite era uma discussão em saco roto. Daquelas que ficam a acumular e, um dia que haja uma explosão, vem tudo ao de cima.
O que é que, no final das contas, vale a pena dizer? Todos vamos passar por experiências – umas de merda, umas que nos fazem viajar de felicidade – e a única coisa que levamos delas são os ensinamentos e a capacidade de, com o passar dos anos, aprendermos a viver mais e melhor as relações com os outros. Tudo o que ontem nos parecia o fim do mundo, hoje percebemos que estávamos a exagerar. E tudo o que acreditámos ser amor, acabamos por perceber que não era.
E o que é que ganhamos com isso? Aproximamo-nos cada vez mais do amor real, aquele que é “outra coisa”. E aquele para o qual caminhamos todos os dias da nossa existência.
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